SER HONESTO É CRIME
Aperplexidade toma conta do autóctone, incapaz de um plano, uma perspectiva, um sonho de vida melhor, mesmo depois das eleições de 2017. A tão ansiada aurora, não desabrochou no cacimbo e, em cada gesto do novo titular emerge uma defesa do capital, em detrimento dos povos pobres. A inflação, não pára, o desemprego sobe, os preços dos produtos alimentares básicos, em alta, a educação e a saúde, mesmo ruins, com preços proibitivos, para os pobres, em contraste com a vida de nababos dos dirigentes. Para o povo tudo aumenta e, como se não bastasse com a subida do câmbio, nos últimos dias, por atacado assiste-se ao do pão, água, sal, fuba, peixe, feijão, óleo, para, estupidamente, ser indexado o preço dos combustíveis, ao dólar, quando a moeda nacional é o Kwanza, o petróleo é angolano e bem poderia ser refinado, grande parte em Angola. Mais, as principais matérias – primas do país: petróleo e diamantes, estão indexadas ao dólar, mas, de uns tempos a esta parte, a programação financeira é feita em Euros, resultando numa variação negativa, significativa, contrastando com as boas regras de economia. Esta violência política, económica e social, a toda dimensão do terreno, contrariando uma promoção de consumo dos pobres, capaz mesmo de alavancar a pequena e média actividade empresarial, não é um bom presságio. E, tanto assim é que a grande medida económica, até hoje, do Titular do Poder Executivo, ser de natureza bancária, para salvar os banqueiros comerciais com mais de 70% de crédito mal parado, face a anterior política de acumulação primitiva de capital, seguida de outra de desvalorização dos quadros, pese, o discurso, sempre este, apontar em sentido inverso, principalmente, no Parlamento Europeu. Se dúvidas houver, basta observar a composição do gabinete presidencial e dos órgãos judiciais, assente no Futebol Clube da Mesmice, responsável pelo descalabro. Quando se fala no combate contra a corrupção e ao repatriamento de capitais, como se fossem transversais a toda sociedade, dá um sentimento de revolta, consabido estarem os actores da “ilicitude financeira”, circunscritos a uma força política, que os pode estancar, não com decisões judiciais, mas políticas, saídas de uma reunião do comité central do MPLA. Tanto assim é que este “show off” assenta no desvario discricionário dos prevericadores económicos, poderem repatriar o dinheiro roubado aos cofres do Estado, para as suas contas pessoais, dando legitimidade a ilicitude, praticada pelos barões de colarinho branco, quando em relação aos pobres, pilha galinhas o tratamento é, mesmo sem provas, a recolha para as fedorentas masmorras do regime. Diante deste quadro dantesco (resquícios de 1975), o regime pretende tapar o sol tórrido, com a peneira e, quando assim é, o cidadão honesto, o quadro empenhado e comprometido, com a cidadania, torna-se criminoso. Por tudo isso, tenho medo de ter esperança, por a mudança apenas ter vontade de nada mudar, na senda da lógica das transições totalitárias, onde o chefe concentrando todos poderes, se auto considera o “deus” na terra, afastando todos os diferentes de pensamento, pela corte bajuladora, qual sanguessuga do erário público.