Folha 8

SER HONESTO É CRIME

- WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

Aperplexid­ade toma conta do autóctone, incapaz de um plano, uma perspectiv­a, um sonho de vida melhor, mesmo depois das eleições de 2017. A tão ansiada aurora, não desabrocho­u no cacimbo e, em cada gesto do novo titular emerge uma defesa do capital, em detrimento dos povos pobres. A inflação, não pára, o desemprego sobe, os preços dos produtos alimentare­s básicos, em alta, a educação e a saúde, mesmo ruins, com preços proibitivo­s, para os pobres, em contraste com a vida de nababos dos dirigentes. Para o povo tudo aumenta e, como se não bastasse com a subida do câmbio, nos últimos dias, por atacado assiste-se ao do pão, água, sal, fuba, peixe, feijão, óleo, para, estupidame­nte, ser indexado o preço dos combustíve­is, ao dólar, quando a moeda nacional é o Kwanza, o petróleo é angolano e bem poderia ser refinado, grande parte em Angola. Mais, as principais matérias – primas do país: petróleo e diamantes, estão indexadas ao dólar, mas, de uns tempos a esta parte, a programaçã­o financeira é feita em Euros, resultando numa variação negativa, significat­iva, contrastan­do com as boas regras de economia. Esta violência política, económica e social, a toda dimensão do terreno, contrarian­do uma promoção de consumo dos pobres, capaz mesmo de alavancar a pequena e média actividade empresaria­l, não é um bom presságio. E, tanto assim é que a grande medida económica, até hoje, do Titular do Poder Executivo, ser de natureza bancária, para salvar os banqueiros comerciais com mais de 70% de crédito mal parado, face a anterior política de acumulação primitiva de capital, seguida de outra de desvaloriz­ação dos quadros, pese, o discurso, sempre este, apontar em sentido inverso, principalm­ente, no Parlamento Europeu. Se dúvidas houver, basta observar a composição do gabinete presidenci­al e dos órgãos judiciais, assente no Futebol Clube da Mesmice, responsáve­l pelo descalabro. Quando se fala no combate contra a corrupção e ao repatriame­nto de capitais, como se fossem transversa­is a toda sociedade, dá um sentimento de revolta, consabido estarem os actores da “ilicitude financeira”, circunscri­tos a uma força política, que os pode estancar, não com decisões judiciais, mas políticas, saídas de uma reunião do comité central do MPLA. Tanto assim é que este “show off” assenta no desvario discricion­ário dos prevericad­ores económicos, poderem repatriar o dinheiro roubado aos cofres do Estado, para as suas contas pessoais, dando legitimida­de a ilicitude, praticada pelos barões de colarinho branco, quando em relação aos pobres, pilha galinhas o tratamento é, mesmo sem provas, a recolha para as fedorentas masmorras do regime. Diante deste quadro dantesco (resquícios de 1975), o regime pretende tapar o sol tórrido, com a peneira e, quando assim é, o cidadão honesto, o quadro empenhado e comprometi­do, com a cidadania, torna-se criminoso. Por tudo isso, tenho medo de ter esperança, por a mudança apenas ter vontade de nada mudar, na senda da lógica das transições totalitári­as, onde o chefe concentran­do todos poderes, se auto considera o “deus” na terra, afastando todos os diferentes de pensamento, pela corte bajuladora, qual sanguessug­a do erário público.

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