INGÉNUA CUMPLICIDADE
Infelizmente, pelo descalabro do país, ao longo dos 43 anos, os guerrilheiros, pseudo proletários, comunistas de pacotilha, não foram os únicos culpados, pois contaram com a cumplicidade dos nacionalistas, que nas cidades, vilas e aldeias empreenderam, também, uma luta clandestina, contra o poder colonial. Es- tes, com o advento de 1974, quando deveriam impor regras, aos guerrilheiros, por desconhecimento da administração do Estado, escancararam as portas, a quem não tinha noção, sequer da gestão de um bairro com saneamento básico. A ansiedade de liberdade, não deveria, reconhece-se, hoje, ser causa bastante para a outorga de um cheque em branco, a guerrilheiros vindos das matas, sem noção de gestão e administração de órgãos do Estado, mas com uma série de contradições e sentimento de intolerância política. Mas, uma vez, considerados sumidades intelectuais, empreenderam verdadeira cruzada de eliminação de quadros do funcionalismo público, comprometidos com a causa de bem servir e administrar aquela que poderia ser uma nova Angola, inclusiva, participativa e democrática. O tempo, qual juiz, tem demonstrado o engano e a “burla política qualificada” , em que a maioria dos autóctones angolanos caí- ram e vivem ao longo de 42 anos, sob a liderança dos ex-proletários convertidos em proprietários vorazes, enriquecidos pela anacrónica acumulação primitiva do capital. Se a maioria dos povos, dos intelectuais honestos continuar indiferente ao desnorte do país, todos seremos cúmplices na hora de estatelarmos no pantanal.