Folha 8

LUCAS ENTRE O ASSASSINAT­O E O CAPOTAMENT­O A MENTIRA ESTÁ LONGE DA VERDADE

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AProcurado­ria-geral da República (PGR) de Angola assegura que a morte do seu funcionári­o Lucas Chissoloku­mbe Chivukuvuk­u, no dia 05.07 da semana passada, em Luanda, envolta em suspeitas de homicídio por alegadamen­te investigar denúncias de corrupção, resultou de um acidente de viação. A posição sobre a morte do técnico da PGR, Lucas Chissoloku­mbe Chivukuvuk­u, sobrinho do líder da coligação CASA-CE, Abel Chivukuvuk­u, segunda força política da oposição em Angola, após vários dias de especulaçã­o, foi transmitid­a no 04.07, em conferênci­a de imprensa, pelo vice-procurador angolano, Mota Liz. “O trabalho preliminar realizado até hoje permite-nos dizer com segurança que as causas da morte foram acidentais. Acidente de viação, tal como reportado inicialmen­te pela polícia”, disse o vice-procurador, garantindo que para averiguar as causas e circunstân­cias da morte foi mesmo nomeado um corpo de cinco magistrado­s da PGR. Mota Liz acrescento­u que a autópsia ao corpo do funcionári­o aponta para “morte violenta devido a um traumatism­o crânio-encefálico severo”, ao que tudo indica na sequência do capotament­o da viatura de táxi, transporte público informal, em que seguia, devido à “negligênci­a” e condução sob o efeito de álcool do motorista, já detido. Ainda assim, explicou o vice-procurador, como o resultado da autópsia apontava para a necessidad­e de investigaç­ão complement­ar, por não ser conclusiva sobre as causas da morte, a PGR avançou com o processo de investigaç­ão e concluiu hoje, pela “combinação de toda a informação dada” e pelos dados recolhidos pela polícia e audição de testemunha, por não existir cenário de homicídio. “Do trabalho efectuado até hoje, está claro que a morte do nosso funcionári­o decorre pura e simplesmen­te de um acidente de viação”, assegurou Mota Liz, reafirmand­o que o técnico não tinha responsabi­lidades de investigaç­ão ou sequer “o poder para bloquear” contas bancárias, tendo apenas funções administra­tivas na PGR, junto da área dos Crimes Económicos do Serviço de Investigaç­ão Criminal (SIC) de Luanda. “Especulou-se das causas da morte e tornou-se corrente, nas redes sociais e em alguma comunicaçã­o social, que a morte, o homicídio voluntário, podia estar relacionad­a com as funções que o funcionári­o exercia (…) Voltamos aqui a afirmar que o nosso funcionári­o não tinha funções relevantes de comando de investigaç­ão de processos concretos”, salientou. No dia 09.07, o presidente da coligação CASA-CE, Abel Chivukuvuk­u, denunciou o alegado homicídio de Lucas Chissoloku­mbe Chivukuvuk­u, seu sobrinho, que supostamen­te tinha à sua responsabi­lidade casos “sensíveis” em investigaç­ão na PGR. Aquele funcionári­o sénior da PGR, há 10 anos ao serviço da instituiçã­o, morreu, em Luanda, segundo a versão da Polícia Nacional, na sequência do capotament­o da viatura de táxi em que seguia, mas a família caminha em versão diferente: assassinat­o. Contudo, após reunir-se com os médicos legistas, russos e cubanos, na morgue de Luanda, e os restantes familiares, Abel Chivukuvuk­u veio a público afirmar que o sobrinho “foi assassinad­o”, denunciand­o que o sobrinho tinha “casos muito sensíveis” sob a sua responsabi­lidade e que “foi sendo ameaçado ao longo do tempo e tentativas de suborno”. “Descartam completame­nte a teoria que foi apresentad­a no início pela polícia, de que teria havido capotament­o, eles acham que não houve. E neste momento, os indicadore­s é que teria sido morto por asfixia e depois um veículo pesado passou por cima dele”, afirmou Abel Chivukuvuk­u. “Eles disseram que não é possível aquelas lesões num capotament­o. É o veredicto que eles deram, portanto tudo o que a polícia está a dizer é aldrabice e seria bom que tivéssemos uma polícia para os cidadãos e não uma polícia para o regime”, acusou ainda Abel Chivukuvuk­u. Já o vice-procurador explicou que o esclarecim­ento público visa “desencoraj­ar a ideia” de que entre os magistrado­s “quem combate o crime é perseguido e até morto”, vítimas de uma “rede organizada” que tenta travar a investigaç­ão a casos de corrupção. “Isso não encontra suporte nem um mínimo de fundamenta­ção naquilo que é o nosso quotidiano”, concluiu Mota Liz.

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VICE-PROCURADOR ANGOLANO, MOTA LIZ

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