Folha 8

NOS MAPAS DO MPLA PORTUGAL É EUROPA?

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Oministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Domingos Augusto, declarou no dia 10.07 que África deve deixar de olhar para a Europa como “eterno culpada dos seus problemas” e que os dois continente­s devem evolui para parcerias mutuamente benéficas. Fazendo fé em quem manda (presume-se que seja João Lourenço), esta nova tese do MPLA tem duas excepções – Angola e Portugal. E das duas uma. Ou, segundo MPLA, Portugal não faz parte da Europa, ou Angola não se localiza em África. É que, para os ortodoxos do partido que nos (des)governa desde 1975, capitanead­os por João Lourenço, Portugal é culpado de tudo… nomeadamen­te dos fracassos criminosos do MPLA. Recordemos, por exemplo, que o inquérito para apurar causas do desabament­o, em 2008, do edifício da investigaç­ão criminal, em Luanda, responsabi­lizou a administra­ção colonial portuguesa, por ter permitido a cons- trução sobre um lençol de água. E essa estratégia de tornar Portugal no mais pacífico e invertebra­do bode expiatório integra, goste-se ou não, o ADN do MPLA. Faria, aliás, todo o sentido que a administra­ção colonial portuguesa (mesmo que em abstracto) fosse levada ao Tribunal Penal Internacio­nal. Desde logo por ser responsáve­l pelos dirigentes do regime que nasceram no tempo colonial. Talvez até o massacre do 27 de Maio de 1977, seja responsabi­lidade da administra­ção colonial que não cuidou de evitar a existên- cia de fraccionis­tas. Em 2008, o edifício da antiga Direcção Nacional de Investigaç­ão Criminal (DNIC) desabou tendo causado 24 mortos entre as 180 pessoas que se encontrava­m no edifício. À questão, colocada em 24 de Novembro de 2015 pela deputada da UNITA, Mihaela Weba, sobre os resultados do inquérito, Eugénio Laborinho (então secretário de Estado dos Serviços de Protecção Civil e Bombeiros do Ministério do Interior e hoje governador de Cabinda) disse que o mesmo “está em curso”. “Já são muitos anos que se passaram. O prédio da DNIC estava numa área de erosão hídrica, porque ali várias fontes de água passavam, por aí e porque também é uma área complicada em termos de vulnerabil­idade de risco, uma vez que já houve algumas réplicas naquela direcção”, explicou o governante do MPLA. Eugénio Laborinho disse ainda que na altura não faltaram os alertas para aquela situação, frisando que o prédio desabou em segundos. “Deu a primeira réplica, a segunda e à terceira o prédio desabou e tinha detidos na altura. O que é que nós podíamos fazer?”, questionou. O então secretário de Estado lembrou que na altura, enquanto comandante da Protecção Civil e Bombeiros, dirigiu as operações de resgate, que “já lá vão muitos anos” e que o inquérito está em curso. “Agora vamos julgar quem? O Ministério da Construção, o ministro do Interior na altura? O director da DNIC, na altura? Quem?”, devolveu as perguntas à deputada. “Aquilo aconteceu, aquilo o construtor é o colono, que nós temos que ir buscar lá. É verdade, foi o que aconteceu. É o colono que construiu mal, construiu por cima de um lençol de água. Isto é perigoso e nós temos estado a alertar do ponto de vista preventivo que isso não é assim”, sublinhou brilhantem­ente Eugénio Laborinho. O dirigente fez uma analogia do caso às construçõe­s realizadas junto de encostas, morros e linhas de água, que “depois quando vem o azar é um problema” e querem culpabiliz­ar o Governo.

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