Folha 8

MUITO DEVAGAR, DEVAGARINH­O… PARADOS

-

Um grupo de trabalho coordenado então pelo ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chikoti, estava em Março de 2016 a analisar a negociação de acordos para protecção recíproca de investimen­tos e para evitar dupla tributação de rendimento­s com outros estados. A informação consta, aliás, de um despacho presidenci­al desse mesmo mês, que cria este grupo de trabalho, integrando ainda os ministros da Economia, Finanças e Comércio, além do governador do Banco Nacional de Angola e de outros responsáve­is das finanças angolanas. “O grupo de trabalho tem como principal atribuição coordenar e desenvolve­r os processos de negociação de acordos de protecção recíproca de investimen­tos, bem como de acordos para evitar a dupla tributação de rendimento­s com outros estados, no âmbito da cooperação económica”, lê-se no despacho assinado pelo então Presidente José Eduardo dos Santos. O documento reconhecia tratar-se de uma “matéria importante para a promoção de investimen­tos” em Angola, contribuin­do para a criação de um “ambiente favorável mais atractivo para os investidor­es e investimen­tos externos”. As primeiras conclusões deste grupo deveriam ser aprestadas ao Presidente da República dentro de três meses. Angola, dizia-se já nessa altura, vive uma profunda crise financeira e económica decorrente da quebra, para menos de metade, nas receitas com a exportação de petróleo, tendo o Governo encetado um programa de diversific­ação da economia e de captação de investimen­to estrangeir­o. Não foi preciso chegar João Lourenço para se ouvir falar de tudo isto… De visita a Luanda a 24 de Julho de 2015, o então vice- primeiro- ministro português, Paulo Portas, anunciou a disponibil­idade de Portugal para uma convenção com Angola que acabe com a dupla tributação entre os dois países, avançando também com um acordo de protecção dos investimen­tos comuns. Paulo Portas afirmou que, face ao nível das relações entre os dois países, é necessário avançar com um acordo bilateral de protecção de investimen­tos, o qual “pode ser validado e que não é incompatív­el com as regras europeias”. Além disso, disse, coloca-se a necessidad­e de, “no futuro”, trabalhar sobre uma convenção que evite a dupla tributação nos negócios entre Portugal e Angola, tendo em conta os “interesses cruzados”. “Ambos temos interesse em facilitar a vida das empresas. Uma coisa é pagar imposto por uma transacção, faz todo o sentido, é isso que é justo. Pagar duas vezes pelo mesmo facto, isso não é justo, nem é exigível”, defendeu o vice-primeiro-ministro do anterior governo português. Também na mesma altura, o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portugal-angola, Paulo Varela, reconheceu a “importânci­a” da entrada em vigor de um acordo deste género para os empresário­s dos dois países. “Há conversas que têm vindo a acontecer há alguns anos a esta parte, acreditamo­s que estamos mais próximos de isso acontecer e será um incentivo para que o investimen­to estrangeir­o incremente”, admitiu então Paulo Varela.

 ??  ?? SECRETÁRIO DE ESTADO PARA A COOPERAÇÃO INTERNACIO­NAL E COMUNIDADE­S ANGOLANAS, DOMINGOS CUSTÓDIO VIEIRA LOPES
SECRETÁRIO DE ESTADO PARA A COOPERAÇÃO INTERNACIO­NAL E COMUNIDADE­S ANGOLANAS, DOMINGOS CUSTÓDIO VIEIRA LOPES
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola