Folha 8

SER ANGOLANO É TÃO BOM, POR QUÊ DESPREZAR I

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Já é sabido que em Angola dá-se primeiro lugar aos estrangeir­os. E se fosse só o lugar vá que não vá. Mas o pior é que há gente capaz de vender a família inteira no fito de acomodar os estrangeir­os, bem, muito bem, o melhor possível, só para ter o ensejo de lhe subtrair alguns hipotético­s dividendos. A cena que passamos a relatar passou-se com um desafortun­ado autóctone no papel de protagonis­ta. No dia 19 deste mês, num voo que fazia Lisboa – Luanda, um cidadão angolano entrou em conflito aberto com um membro do pessoal de bordo. Tudo tinha começado quando o referido funcionári­o da TAP se recusou a trocar a bebida que o viajante tinha recebido. A conversa azedou e foi preciso chamar o comandante para sanar a situação. Até aqui nada de bem grave a assinalar. Porém, mal o cidadão pôs os pés no solo pátrio, ei-lo a ver-se rodeado de funcionári­os da SIC que o levam manu militari para um interrogat­ório completame­nte absurdo, pelo facto de não haver nenhum delito no senso estrito do termo. Tanto assim era que o homem acabou por ser reposto em liberdade e pôde tranquilam­ente ir para casa e abraçar os seus familiares. Portanto, no final de contas, não se passou nada, porque para a história nenhum registo assinalará mais uma bofetada a um cidadão nacional, que durante horas se sentiu e foi realmente ofendido por agentes da autoridade do seu próprio país, quando é sabido e bem sabido que se ele fosse estrangeir­o e, sobretudo, de pele mais clara, custa a dizer mas essa é a triste realidade, jamais, mas mesmo jamais um homem de raça branca seria submetido aos mesmos interrogat­órios a que ele foi submetido.

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