SER ANGOLANO É TÃO BOM, POR QUÊ DESPREZAR II
Para ajudar a relaxar do stress ocasionado por um trabalho de responsabilidade numa multinacional instalada, o cidadão Carlos Neto aceitou o convite dos seus amigos do serviço em que labuta para ir no passado dia 23.06 a uma das discotecas mais chiques de Luanda. Neto juntou-se aos seus amigos e por volta da meia-noite acabaram por formar um grupo tudo quanto há de mais multi-étnico, pois nele havia angolanos de todas as cores, cabo-verdianos, portugueses e franceses. A certa altura, ao chegar à porta da discoteca, aconteceu ele se afastar um pouco do grupo e este acabou por entrar sem fazer atenção à sua ausência. E quando Neto se apresentou para entrar na discoteca, por estar sozinho, calçar sapatilhas e… por ser negro, recusaram-lhe a entrada. Gerou-se alguma confusão e no meio de palavras azedas já pontuadas por gestos a presumir possíveis agressões dos guardas da discoteca, acabaram por ser os amigos estrangeiros do autóctone Neto que, ao se aperceberem de que havia confusão na entrada e o amigo estava ausente, vieram ao seu socorro, convenceram os recalcitrantes seguranças a permitir que ele pudesse entrar no estabelecimento nocturno e resolveram o problema. Mas o que é mais revoltante no meio disto tudo, à parte serem os estrangeiros, mesmo à porta da discoteca, virem resolver os nossos problemas, é que um dos companheiros de Carlos Neto, de raça branca, já estava dentro da discoteca, não só também com sapatilhas nos pés, como ele, mas também com calções largos de ganga o que não impediu que os seguranças lhe tivessem autorizado a entrada. E se esse homem entrou e não foi por ser de raça branca, então por que é que ele pôde entrar de calções quando o seu amigo negro , mesmo usando caças de fazenda não pôde entrar? Só porque não era de raça branca, mais nada.