O QUE JLO DISSE ESCREVE-SE?
Durante a sua viagem a França, o presidente da República concedeu uma entrevista à Radio France Internationale (RFI), na qual assegura que não há qualquer tipo de violação de Direitos Humanos em Angola. Durante a entrevista, conduzida por Neidy Ribeiro, João Lourenço vai respondendo às perguntas da enviada especial da RFI com outras perguntas. À questão «Qual é que é o seu olhar sobre as denúncias de direitos humanos em Angola? Falo do processo de Rafael Marques e o caso de um manifestante que participava numa marcha alusiva ao 27 de Maio que está hospitalizado?”, o PR responde com uma pergunta: “Se um cidadão processa a outro cidadão é violação de Direitos Humanos?», encerrando, deste modo, o assunto Rafael Marques. Questionado sobre casos ocorridos nas manifestações de rua, nomeadamente a marcha alusiva ao 27 de Maio e os protestos que ocorreram no Cazenga, em que os populares exigiam a demissão do administrador municipal, João Lourenço é peremptório, “normal, quando há manifestações em todo o mundo e, normalmente, as polícias acompanham, pode haver esse tipo de situações, uma ou outra pessoa ficar ferida. Não é com isso que o mundo acaba”, passando assim uma pomada sobre todas as exacções cometidas, do mesmo modo que passou água oxigenada de marca Luvualu sobre as feridas causadas aos bolsos de JES e dos seus seguidores, amigos, parentes e filhos. Só disse: «Nós estamos a prevenir-nos contra más práticas, prevenir onde é possível, combater onde elas já existem, onde já há factos. Portanto não há situações criadas intencionalmente para incriminar quem quer que seja”. O que é verdade, mas sendo só uma pequena parte dela. O problema é que o MPLA, depois de ter sido durante mais de 40 anos um autêntico motor de arranque e promotor de toda a espécie de roubos, lavagem de dinheiro e desvios de fundos dos cofres do Estado em Angola, depois de, pela voz do seu ex-presidente, pretender ser expert em matéria de luta contra o nepotismo, lavagem de dinheiro e corrupção, tentando dar aulas aos seus militantes a fim de tirar os louros da cabeça de JLO, este, digamos, contra-atacou com as armas que tem, ou seja, as que lhe assistem pela via do estatuto que aufere de presidente da República. Ora, é aí que a porca torce o rabo, pois rapidamente JLO viu que no relvado do jogo político em que está a jogar, há bué de minas e as jogadas que ele quer fazer podem colidir com um desses engenhos! “Calma Jéjé!, faz calma”, como dizem os tripeiros do Poerto. Entretanto, dizer que ele não tem feito nada é mentira, alguma coisa foi feita, mas estamos muito longe do objectivo almejado, talvez utópico, que é o de erradicar a corrupção em Angola. Enfim, enquanto o MPLA por ali andar, vai ser complicado... Há tanto ladrão ainda em liberdade!... É verdade, mas quando João Lourenço fala em “moratória” e é criticado, muitos são levados a pensar que, findo o prazo para repatriar os fundos roubados ao Estado angolano, só então este irá tomar as medidas necessárias para actuar. Nada disso... As medidas já foram tomadas, junto de governos como os de França, Bélgica, Itália, Portugal, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos, Suíça e Luxemburgo. Várias contas já estão cativas. Na verdade, a moratória é para dar aos titulares o tempo para aceitarem o repatriamento, sem perderem o dinheiro. Mas é precisamente aí que está o mal, pois o perdão inserido na recuperação de valores cola como uma luva à mão do aforismo “O CRIME COMPENSA”. De qualquer maneira, tudo que nos resta é esperar. Os próximos meses e anos serão ricos em revelações.