A REALIDADE É… DIFERENTE
Recorde-se que, este ano, a poucos dias do início das aulas no ensino geral, milhares de pais e encarregados de educação tentavam desesperadamente conseguir uma vaga nas escolas públicas, que chegam a ser “negociadas”, ilegalmente, acima de 40.000 kwanzas (175 euros). Embora a custo, as autoridades admitem a falta de salas e de professores, factos que voltaram a afastar vários milhares de alunos do ensino público. A situação, que se sente em todo o país, leva à cobrança ilegal, em algumas escolas, pelas poucas vagas disponíveis, como confirmaram alguns encarregados de educação. Apesar de ilegal, dada a gratuitidade do ensino público até ao secundário, o pagamento da chamada “gasosa” para garantir a matrícula vulgarizou-se nos últimos anos em Angola, em face da falta de vagas nas escolas. O Sindicato dos Professores Angolanos (Sin- prof) admite que vários milhares de alunos ficam de fora do sistema de ensino, porque o crescimento do número de alunos não foi acompanhado do crescimento da infra-estrutura de ensino. Em Janeiro, algumas dezenas de estudantes marcharam, em Luanda, para contestar a chamada “gasosa” escolar, apelando às autoridades no sentido de travarem a onda de corrupção. Na marcha “contra a gasosa escolar”, os es- tudantes manifestaram também descontenta- mento com a falta de vagas e salas de aula.