Folha 8

NEM CARTEIRAS HÁ

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As escolas do município de Luanda precisam de pelo menos 20.000 carteiras face às necessidad­es já identifica­das, com as autoridade­s a lamentarem a situação de carência em que milhares de alunos estudam, mas que atribuem (como não poderia deixar de ser) à crise económica. Agora a crise económica serve para tudo. Não tenhamos medo da verdade. Nem no tempo colonial isto acontecia. Ao fim de quase 43 anos de independên­cia, 16 de paz total, o regime do MPLA (que está no poder deste 1975) nem consegue resolver o problema deste tipo de… carteiras. A única coisa que sabe fazer como ninguém é rechear as suas próprias carteiras. É estar no top dos países mais corruptos do mundo, é não ter vergonha de ter tido, por exemplo, um ministro acusado de ter sido comprado por 20 milhões de dólares pela construtor­a brasileira Odebrecht. Em Abril de 2017 a directora da Educação do município de Luanda, Joana Torres, teve a lata (sabemos que se limitou a divulgar as “ordens superiores”) de apontar a crise que afecta Angola desde finais de 2014 como o grande entrave na materializ­ação das acções, num dos mais populosos municípios do país, com mais de um milhão de habitantes. “Neste preciso momento, o município de Luanda precisa de 20.000 carteiras. E porque este ano, no nosso quadro resumo, não vem dinheiro para comprar carteiras, a situação estará condiciona­da. Não há liquidez financeira atendendo à situação que se vive agora no país, mas estamos a fazer tudo para que este quadro mude”, apontou, tentando passar-nos mais um atestado de matumbez. Nesse mês tinha sido noticiado que alunos da escola primária 1127, no distrito urbano do Sam- bizanga, no centro de Luanda, assistiam às aulas apoiando o caderno no joelho ou na parede, precisamen­te devido à falta de carteiras. “Escrevo apoiando no joelho porque não há carteiras e nem sequer consigo escrever em condições. Dói muito o joelho e as costas e é assim todos os dias. Os outros colegas quando estão cansados apoiam também na parede”, explicava Euclides Mateus da terceira classe.

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