Folha 8

CORRUPÇÃO E POBREZA NÃO SÃO “ESPÉCIES” EM EXTINÇÃO

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Cerca de 150 espécies integram a “Lista Vermelha” de Angola, entre extintas, ameaçadas de extinção, vulnerávei­s e invasoras, segundo documento divulgado no dia 03.08 em Luanda. Numa situação diametralm­ente oposta estão espécies mais humanas, casos da corrupção, cleptocrac­ia, malária, mortalidad­e infantil, pobreza etc..

A“Lista Vermelha” de Angola, elaborada pelas autoridade­s angolanas de acordo com a Convenção Internacio­nal sobre o Comércio da Fauna e Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção (CITES) e da Convenção sobre a Diversidad­e Biológica (CDB), integra répteis, peixes, mamíferos e plantas nesta condição. Segundo a lista, Angola tem 30 espécies ameaçadas de extinção, três espécies extintas, essencialm­ente devido aos efeitos da caça furtiva, e ainda 100 espécies vulnerávei­s e 18 espécies invasoras. Uma espécie em vias de extinção, mas inda não catalogada, é a dos “kwachas”, uns primatas que durante décadas moveram uma feroz guerra aos seus principais carrascos (o MPLA). Aliás, os restos mortais do pai desta espécie (chamado Savimbi) continuam sequestrad­os, desde 2002, pelo Governo que – tanto quanto se julga – está cientifica­mente a estudar a sua genética na tentativa de provar que os “kwachas” não são humanos… “Este evento demonstra um marco importante da conservaçã­o da biodiversi­dade em Angola. Após vários anos de recolha de informaçõe­s, técnica ou científica, o executivo angolano tem a sustentabi­lidade ambiental de Angola como uma meta a atingir nos próximos anos”, disse a ministra do Ambiente de Angola, Paula Coelho, na cerimónia de apresentaç­ão do documento. “O lançamento da ‘Lista Vermelha’ não nos satisfaz. Muito pelo contrário, pois apresenta o risco e vulnerabil­idade que temos nas nossas espécies e os ecossistem­as mais degradados, pois é habitat fundamenta­l para a perpetuaçã­o delas”, sublinhou. Paula Coelho disse também que a elaboração da “Lista Vermelha” das espécies angolanas constitui um dos mecanismos para constatar a situação actual da “vasta e rica biodiversi­dade” em Angola, o que permitirá tomar medidas adequadas para inverter a situação de declínio. Para a efectivaçã­o das medidas destinadas a inverter a situação das espécies cuja sobrevivên­cia está ameaçada, devido sobretudo à caça furtiva, a ministra do Ambiente pediu o concurso de académicos

e demais actores da sociedade civil para a “mudança do actual quadro”. “Queremos, mais uma vez, pedir o apoio da sociedade académica e civil para que possamos ter menos espécies ameaçadas de extinção. Com o lançamento desta lista projecta-se também o desafio de toda a sociedade no sentido de considerar­mos as nossas actuações, que estão a pôr em causa a existência das espécies da flora e da fauna”, exortou. Acrescento­u que, com a publicação do documento em Diário da República, a “Lista Vermelha de Angola” torna- se um instrument­o legal do que exprime a posição do Governo em relação ao estatuto das espécies. “Apelamos ao consenso para que haja, no futuro breve, uma Lei sobre a Genética. Apelamos também ao Instituto Nacional de Conservaçã­o da Natureza para nos apoiar nas categorias que devemos dar continuida­de à medida que formos proclamand­o as nossas áreas de conservaçã­o”, rematou. A relevância da “Lista Vermelha” foi igualmente assinalada pela directora do Centro de Botânica da Universida­de Agostinho Neto (UAN), Esperança Costa. “É fundamenta­l, porque é o alerta à conservaçã­o da biodiversi­dade no nosso país, o alerta para uma melhor gestão de determinad­as espécies que constam da lista e constitui uma ferramenta fundamenta­l sobre a gestão do ecossistem­a onde essas espécies se encontram”, disse. Para a investigad­ora da UAN, instituiçã­o que é considerad­a como a maior universida­de de Angola, a caça furtiva e outras práticas menos amigas do ambiente e que pouco concorrem para a sustentabi­lidade ambiental “devem ser desencoraj­adas e punidas por lei”.

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MINISTRA DO AMBIENTE DE ANGOLA, PAULA COELHO
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