RECORDADO, COMO PATRIOTA, BESTIAL OU BESTA?
Como ninguém em Angola, José Eduardo dos Santos sabe que “a massa militante do partido” o passará de bestial a besta com a mesma facilidade com que os jacarés do Bengo “descarnam” os corpos dos adversários políticos do MPLA, ou como o partido branqueou um dos maiores crimes contra a humanidade: os massacres do 27 de Maio de 1977. Deste modo, o Comité Central submeterá ao congresso dois projectos de resolução, ligados ao primeiro chefe de Estado de Angola, Agostinho Neto, conferindo-lhe – no mínimo – os títulos de “Presidente Emérito do MPLA” e de “Membro Honorífico do Comité Central”. Outros ficam a faltar, mas disso se encarregará João Lourenço. No congresso serão apresentados três outros projectos de resoluções do Comité Central, todos ligados a José Eduardo dos Santos, que será condecorado com os títulos de “Presidente Emérito do MPLA”, de “Membro Honorífico do Comité Central” e de “Militante Distinto do MPLA”. Atendendo à envergadura peitoral de José Eduardo dos Santos, ainda lhe sobra espaço para mais algumas medalhas. Deverá, por isso, receber também a Medalha Militar dos Serviços Distintos, Medalha Militar de Tempo de Serviço, Medalha Militar de Solidariedade e Manutenção de Paz, Medalha de Solidariedade Internacional Militar e Medalha Comemorativa das FAA. Despicienda não é a possibilidade de ser igualmente distinguido com as Medalhas de Diamante da Libertação de África, da Revolução de Abril em Portugal, do Fim da Escravatura, da Descoberta da Pólvora e da Ida à Lua. Também no Congresso, o actual Presidente de Angola, João Lourenço, actual vice-presidente do MPLA, vai suceder a José Eduardo dos Santos na liderança do partido. Isto é, honrando a democracia “made in MPLA”, vai ser eleito já depois de ter sido eleito. É, aliás, uma forma de honrar a velha tradição do partido que venceu todas as eleições mesmo antes de o Povo votar.