DIALOGAR EM MONÓLOGO
Em Abril de 2016 o país ficou feliz. Ficou a saber-se que o Governo de José Eduardo dos Santos iria passar a realizar ‘briefings’ semanais com os jornalistas, em Luanda, intenção anunciada no dia 6, e que visava ultrapassar o “défice” de informação do executivo. Apesar de ser um uma iniciativa do Governo, o anúncio foi feito pelo secretário do Presidente da República (pois, são uma e a mesma coisa) para os assuntos da comunicação institucional e imprensa, Manuel Rabelais, num encontro de trabalho com os jornalistas, em Luanda, perspectivando o início destes encontros, que evolveriam ministros e outros membros do Governo. Os ‘briefings’ semanais com a comunicação social tinham como objectivo, explicou o também director do Gabinete de Revitalização e Execução da Comunicação Institucional e Marketing da Administração (GRECIMA), passar por uma relação “mais profissional” com os jornalistas, que habitualmente se queixam das limitações no acesso às fontes e dados do executivo. “Pretendemos ultrapassar o grande défice de informação do Governo”, admitiu Manuel Rabelais, durante este encontro com os jornalistas acreditados em Luanda. Em Janeiro ficara-se a saber que, afinal, a comunicação institucional e de imprensa de todos os ministérios e governos provinciais de Angola iria passar a ser coordenada pelo Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa (GCII), único, criado por decreto presidencial de 29 de Dezembro de 2015. Segundo o documento, que surgiu na sequência da estratégia de comunicação do Executivo, além de concentrar a actividade, este gabinete iria incorporar os profissionais ao serviço dos gabinetes de imprensa dos vários órgãos e departamentos ministeriais, impedindo o desempenho da actividade de assessoria por jornalistas, uma prática habitual em Angola. “Aos quadros que integram o GCII é vedado em absoluto o exercício da profissão de jornalista, bem como actividade de free lancer, analista de programas, emissor particular de opiniões, colaboração ou participação como efectivo de qualquer debate e tratamento de matérias jornalísticas (…)”, lia-se no mesmo decreto, assinado pelo Presidente José Eduardo dos Santos. A criação do GCII, incorporando todos os gabinetes de imprensa dos órgãos públicos, surgiu pela “necessidade de se reforçar a divulgação das acções dos órgãos e serviços da administração pública do Estado, através de informação especializada”. “Havendo necessidade de se criar um serviço de especialidade em comunicação institucional e imprensa nos departamentos ministeriais, governos provinciais e demais serviços da administração pública”, re- feria ainda o documento. O novo gabinete teria como funções apoiar os departamentos ministeriais e governos provinciais nas áreas de comunicação institucional e imprensa e na elaboração dos planos de comunicação “em consonância com as directivas estratégicas emanadas pelo Ministério da Comunicação Social e o GRECIMA”. Apresentar “planos de gestão de crise”, elaborar discursos e mensagens para os titulares dos respectivos órgãos, organizar eventos institucionais ou desenvolver campanhas de publicidade são, entre outras, responsabilidade do novo GCII, tutelado pelo Ministério da Comunicação Social e supervisionado pelo GRECIMA.