O PERITO MANUEL RABELAIS
Em Outubro de 2008, o então ministro da Comunicação Social, Manuel Rabelais, reiterou na cidade do Uíge o apelo aos profissionais angolanos para praticarem um jornalismo objectivo, sério, isento, responsável e patriótico que respeitasse as disposições legais e os princípios deontológicos. O melhor era pôr um dos muitos generais das Forças Armadas a dar “Educação Patriótica” aos jorna- listas que restavam (não se incluem nesta classe profissional os profissionais do regime a trabalhar nos órgãos públicos). (Não, não é brincadeira. Angola, 43 anos depois da independência, tem uma estrutura militar, tal como em qualquer ditadura marxista ao estilo dos Khmer Vermelhos de Pol Pot, para a “Educação Patriótica”) “Este conjunto de diplomas legais e outros ainda por elaborar irão conformar as balizas dentro das quais o exercício da actividade jornalística deverá efectuar-se de forma legal, respeitando as outras liberdades e os direitos de cada um”, recordou então o ministro. Isso em 2008. E recordou bem. É que alguns jornalistas angolanos teimavam e teimam em julgar que exercem a profissão num Estado de Direito Democrático. Ora isso não é verdade. E é preciso recordar-lhes o dever patriótico que têm em relação aos donos do poder, o MPLA desde 1975, e não em relação ao Povo. “Os órgãos de comunicação social e os jornalistas devem, no cumprimento da sua missão social, conformar a sua acção não só aos princípios ético-deontológicos, como também ao princípio da responsabilidade social e patriótico”, frisou o então ministro. Exactamente Manuel Rabelais, depois secretário do Presidente da República para os assuntos da comunicação institucional e imprensa. Portanto, caros companheiros, essa coisa dos princípios ético-deontológicos é muito bonita mas está subordinada ao “princípio da responsabilidade social e patriótico” o que, traduzindo, significa respeitinho pelos manuais do MPLA.