INVESTIDORES RECEIAM PÉS DE BARRO DO “GIGANTE” JLO
Desde que chegou ao poder absoluto há um ano (no anterior governo já era ministro da Defesa), o presidente angolano, João Lourenço, tem desfrutado dos benefícios de um renovado optimismo no mercado e de um novo interesse dos investidores na nossa monolítica economia, petróleo-dependente quase a 100%. Todavia, há indícios crescentes de que o período de “lua-de-mel” do governo do MPLA (partido ininterruptamente no poder desde 1975) está a chegar ao fim, sendo cada vez mais visível com os investidores a ficarem preocupados quanto ao enraizamento da corrupção (cujas medidas de combate pa- recem não passar de paliativos) e à persistência da fraqueza da economia que, tal como nas últimas quatro décadas, continua por diversificar. O presidente João Lourenço lançou, do ponto de vista mediático, uma suposta grande operação de combate à corrupção e tentou acabar com os monopólios sectoriais. Todavia, até à data, os casos levados a cabo pela sua administração tiveram claras motivações políticos, permitindo ao novo presidente eliminar críticos e demarcar o seu novo território político. Por outras palavras, mais não parecem ser do que substituições de amigos do outro (José Eduardo dos Santos) por amigos seus. De facto, a apregoada posição anticorrupção do presidente João Lourenço é mais indicativa de tentativas concertadas para desmantelar as influências do seu antecessor e consolidar o poder total, unipessoal, sobre as instituições políticas angolanas do que de quaisquer tentativas de reforma. Isto permanece evidente no sector do petróleo, onde o governo se tem mostrado relutante em pôr em práticas reformas consideradas urgentes. O clientelismo enraizado no MPLA há décadas, e estruturas de obtenção de rendas estão estabelecidos na empresa petrolífera estatal, Sonangol, facilitando o suborno ao mais alto nível da administração.