BRANQUEAR A NOVA CORRUPÇÃO ATACANDO JES
João Lourenço também nomeou pessoas proeminentes manchadas por alegações de corrupção e de má gestão para importantes cargos governamentais. As acusações contra o antigo vice-presidente, Manuel Vicente, que controla agora o Banco Nacional de Angola e a Sonangol, podem ser retomadas assim que – por exemplo – um novo governo tomar posse em Portugal ou que o sentimento político nos EUA assuma uma direcção diferente. Por outro lado, é provável que os recentes cancelamentos de contratos para importantes projectos de infra-estruturas, oficialmente aclamados como parte de uma via de transparência, sejam motivados por um desejo de procurar novas receitas dos investidores estrangeiros que participam nestes projectos. Projectos de “elefante branco”, como o novo aeroporto de Luanda, estão a afectar a imagem de João Lourenço como presidente reformista e transparente. Nem mesmo as visitas a importantes areópagos políticos da Europa, ou a posição de força na região da África Austral, parece alterar a crescente ideia de que o Presidente é um gigante com pés de barro. Embora as perspectivas económicas sejam mais auspiciosas do que há um ano, o novo governo tenta obter milhares de milhões sobretudo em financiamento dos bancos chineses para expandir infra-estruturas e manter o desastroso estado das finanças estatais a flutuar. Mas a verdade é que o “barco” está a meter água por todos os lados. Exactamente quando os receios quanto à sustentabilidade da dívida angolana estavam a acalmar, o governo contraiu mais uma importante dívida com a China. Este é um presságio ameaçador para o pagamento de dívidas aos empreiteiros estrangeiros e até para a capacidade de Angola de pagar as suas mais recentes “eurobonds”. O aumento dos preços da alimentação, greves frequentes e cortes no sector público estão a desencadear protestos e aumentar o risco de motim nas cidades angolanas. A implosão social ganha força e teme-se que, como por diversas vezes o Folha 8 já alertou, o rastilho não tarde a provocar explosões. Isto se, entretanto, o governo de João Lourenço não se comprometer de forma pragmática e exemplar com uma ampla reforma do sector petrolífero e com uma gestão orçamental prudente. Isto porque as perspectivas de investimento para Angola deverão deteriorar-se acentuadamente com os investidores a perderem fé na administração económica, política e social de João Lourenço.