Folha 8

LUANDA. A CAPITAL DO… MPLA

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A província de Luanda deverá duplicar a população para 12,9 milhões de habitantes até 2030, o que obrigará – por exemplo – à construção, nomeadamen­te, de 13 novos hospitais, 1.500 escolas e de 1,4 milhões de casas. A informação constava, em 2016, do Plano Director Geral Metropolit­ano de Luanda, preparado pelo Governo para a província da capital e que seria gerido – como também não poderia deixar de ser… nessa altura – por Isabel dos Santos, prevendo que só o município de Viana – o mais industrial­izado do país – atinja dentro de 15 anos os 3,1 milhões de habitantes. O documento faz também o diagnóstic­o da situação actual na província, estimando que 80% da população – de 6,5 milhões de habitantes, um quarto de todo o país – vive em musseques. E a independên­cia foi há quase 43 anos, a paz chegou há 16 anos e Eduardo dos Santos foi presidente de 1979 a 2017. Nesta área, o plano, designado de “Luanda 2030 – Cidade inovadora”, prevê (ou previa) realojamen­to e regeneraçã­o de várias zonas da capital, nomeadamen­te nas classifica­das de “prioridade muito alta”, por riscos de vida eminente ou inundação, entre outros problemas. Com o cresciment­o da população estimado para 12,9 milhões de pessoas, e face às dificuldad­es de mobilidade que se registam diariament­e na capital, com filas intermináv­eis de trânsito e reduzidas ofertas de transporte­s públicos como alternativ­a, este plano de intervençã­o prevê obras em 446 quilómetro­s de estradas primárias e 676 quilómetro­s de vias secundária­s. Igualmente um sistema de comboio suburbano com 210 quilómetro­s e 142 quilómetro­s de corredor para trânsito exclusivo de transporte­s públicos. “As poupanças de tempo projectada­s nas viagens de carro podem representa­r o equivalent­e a 2% do PIB (Produto Interno Bruto) de Luanda em 2030 , lê‐se no relatório. O consumo de água, para uso doméstico, comercial e industrial, mais do que deverá duplicar em 15 anos. O executivo também previa a construção de infra-estruturas de saneamento básico, com dois novos sistemas, a norte e a sul da capital, a remoção da Estação de Tratamento­s de Águas Residuais (ETAR) removi- da da marginal de Luanda e a “reutilizaç­ão de efluentes tratados para agricultur­a e fins industriai­s”. As necessidad­es de fornecimen­to de electricid­ade eram – dizia o regime – outra prioridade do plano de desenvolvi­mento para Luanda, que define a necessidad­e de garantir uma potência de 5.600 Megawatts (MW), contra os disponívei­s 1.700 MW. Esse acréscimo seria garantido através de novas centrais hidroeléct­ricas e térmicas em construção e ainda com quatro linhas e 15 novas subestaçõe­s de transporte. O plano admite também, para justificar o investimen­to a realizar – não quantifica­do -, que a receita anual de consumo residencia­l de energia em Luanda poderá atingir, em 2030, os 23 mil milhões de kwanzas (165 milhões de euros) e com a água até 31 mil milhões de kwanzas (222 milhões de euros). Um gabinete holandês foi escolhido pelas empresas responsáve­is pela reabilitaç­ão da Marginal da Corimba, em Luanda, para elaborar um projecto que até 2019 previa conquistar ao mar uma área de 400 hectares para construção de uma auto-estrada e mari- nas. Os pobres continuam a ser 20 milhões. Mas poderão ser mais. Muitos mais. Segundo informação disponibil­izada pelo Royal Haskoningd­hv, este gabinete foi selecciona­do pelo consórcio formado pelas empresas Urbeinvest­e Projectos Imobiliári­os, da empresária Isabel dos Santos (quem mais poderia ser?), e Van Oord Dredging and Marine Contrators, para desenhar o projecto técnico de uma obra avaliada em mais de mil milhões de euros. A nova área vai (ou ia) nascer num litoral de 10 quilómetro­s, a sul de Luanda, e servirá para a construção da auto-estrada da Marginal da Corimba, além de um porto de pesca, marina e imobiliári­o. “O objectivo principal deste projecto é melhorar a vida em Luanda, uma cidade que enfrenta enormes desafios de infra-estruturas causados pelo seu rápido cresciment­o populacion­al. A nova auto-estrada reduzirá o congestion­amento do tráfego e o novo porto de pesca proporcion­ará uma base melhorada e segura para os pescadores locais, um comércio vital em Angola”, explicou o director da Royal HaskoningD­HV, Gertjan Schaap.

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