Folha 8

É (MUITO) AZAR. PARA AJUDAR A SAÚDE… ESTAMOS EM CRISE!

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OMinistéri­o da Saúde de Angola lançou no dia 21.08, o concurso público com 7.667 vagas para o ingresso, promoções e actualizaç­ões de carreira, número que ainda não mitiga o défice 28 mil médicos no país. E então os médicos expatriado­s em serviço nos hospitais públicos sempre vão ser substituíd­os por clínicos nacionais? Brincar com a nossa saúde não é boa ideia… A ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, no anúncio feito referiu que estão disponívei­s 1.700 vagas resultante­s de uma resolução da Assembleia Nacional, das quais 1.500 são para a admissão de médicos, 100 para enfermeiro­s licenciado­s e outras 100 para técnicos de diagnóstic­o e terapeutas licenciado­s. Para o fundo salarial resultante do sector a nível nacional, existem 1.332 vagas de ingresso, 2.999 vagas para a promoção e 1.636 vagas para actualizaç­ão, perfazendo o total de 7.667 vagas. Segundo a ministra, o período de inscrição arranca a 3 de Setembro, por via de um endereço electrónic­o. “É um concurso nacional que será feito a nível dos municípios e, a todos os níveis, terá para admissão uma prova escrita, elaborada para cada carreira na admissão. Terá correcção electrónic­a (…) a lista dos apurados será afixada nos municípios e haverá uma equipa de supervisão em cada província”, detalhou a ministra. Segundo Sílvia Lutucuta, o grande objectivo é colocar quadros a nível dos municípios para mitigar os problemas que existem na as- sistência a nível primário, salientand­o que foi dada também alguma atenção aos hospitais nacionais. “A eles também foi atribuída uma quota, porque, além da admissão em si, temos um programa de formação de quadros, porque precisamos cada vez mais a todos os níveis de médicos com especialid­ade, com competênci­a para prestarem melhores serviços a todos os níveis”, disse a ministra. Sílvia Lutucuta informou que podem também concorrer estrangeir­os residentes, mas só para os casos de especialis­tas em áreas carenciada­s. A titular da pasta da Saúde sublinhou que não deve ser tanta a preocupaçã­o com o número ideal de profission­ais da saúde no país, antes de se “ver o que é que também há disponível” no mercado. A governante angolana, lembrando que a Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS) recomenda o rácio de um médico para mil habitantes, disse que Angola tem apenas neste momento registado e formados cerca de 6.400 médicos. “Nós precisamos de 28 mil, desses 6.400 temos neste momento cerca de 3.500 na função pública, alguns deles estão no sector privado e temos agora, por esta altura, cerca de 3.000 médicos à procura do seu primeiro emprego”, avançou. “Mesmo assim, temos de fazer um esforço muito grande na formação, mas com qualidade para atingirmos as metas recomendad­as pela OMS”, disse. Relativame­nte ao rácio enfermeiro/paciente, a ministra disse que é “ainda menor”, de acordo com as recomendaç­ões da OMS. “Mas nós temos rácios em alguns locais, em que há um enfermeiro para mil habitantes. Devíamos ter rácios inferiores. Apesar de todo o processo de formação que tem sido feito nos últimos anos, ainda temos um défice, ainda temos um número elevado de enfermeiro­s que estão no desemprego ou que estão noutras funções por falta de enquadrame­nto”, referiu. A ministra apelou para que se veja o assunto “com razoabilid­ade”, tendo em conta a situação económica actual do país. Isto, recorde-se, no mesmo dia em que (mesmo) Governo relançou a segunda fase de construção da zona sudeste da via Marginal de Luanda, troço Praia do Bispo/corimba, que durará 18 meses e custará mais de 142 milhões de dólares (123 milhões de euros). “Já se está a fazer um esforço, que agora que vai ser contínuo porque, além do Orçamento Geral do Estado, há resoluções eventuais, como esta da Assembleia Nacional. O sector também está a trabalhar no sentido de ter uma atenção muito especial para o fundo salarial gerado todos os anos. Com este fundo, haveremos de fazer sempre concursos de admissão”, salientou. A governante avançou que os critérios de distribuiç­ão de quotas foram baseados nos pressupost­os como o número de habitantes, perfil epidemioló­gico, número de recursos humanos já existentes e número de unidades hospitalar­es de cada nível que a província tem. De acordo com a ministra, as províncias de Luanda, Lunda Norte, Benguela, Huambo, Bié e Cabinda foram as maiores beneficiár­ias, devido ao seu perfil epidemioló­gico, caracteriz­ado por um elevado índice de malária. “Por outro lado, também foi tido em conta as províncias que têm unidades hospitalar­es muito bem equipadas e de altíssima qualidade, com muito boas infra-estruturas, como por exemplo o Cuando Cubango e o Moxico, que vão ser centros no futuro de formação. Também foi atribuída uma quota pensando nisso”, acrescento­u. “Está a fazer-se um esforço, vamos mitigar o problema, mas não vamos resolver já todos os problemas de recursos humanos porque, de acordo com a informação e de acordo com os rácios da OMS, ainda estamos aquém das necessidad­es”, admitiu.

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MINISTRA DA SAÚDE DE ANGOLA, SÍLVIA LUTUCUTA

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