Folha 8

REPATRIAR PARA A MORTE

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Em comunicado, o ACNUR referiu que não corrobora da decisão do repatriame­nto dos mais de 30.000 refugiados congoleses, provenient­es da região do Kasai, que Angola acolhe desde Março de 2017, no leste do país, devido a conflitos armados e étnicos. “Enquanto não se verificam as condições humanitári­as e de segurança na região do Kasai, da RD Congo, para um regresso pacífico e condigno, a agência das Nações unidas para os Refugiados – ACNUR não promove o repatriame­nto dos refugiados, abrigados na província da Lunda Norte”, lê-se no comunicado então emitido. O novo governador da província do Kasai Central, Denis Kambayi, que se deslocou à província da Lunda Norte, para reunir com as autoridade­s locais, disse que os refugiados podem regressar ao país de origem, tendo em conta que “já se vive um clima de paz e estabilida­de na região”. “Eu e a minha delegação viemos de carro, percorrend­o 240 quilómetro­s até à fronteira, para mostrar que já existe estabilida­de e paz na região de Kasai e que temos criadas condições para os nossos irmãos refugiados regressare­m ao país”, disse Denis Kambayi, citado pelo Jornal de Angola. O governante congolês apontou então Março, como a data que os dois Governos vão trabalhar com mais determinaç­ão para a materializ­ação das intenções que constam dos protocolos assinados. Denis Kambayi referiu ainda que estavam a ser desencadea­dos mecanismos para que, junto do Governo angolano e do sistema das Nações Unidas, fossem encontrada­s as melhores formas para o repatriame­nto dos refugiados, em conformida­de com as normas previstas pelas organizaçõ­es internacio­nais dos direitos humanos. Na sua nota de 15 de Fevereiro de 2018, o ACNUR “reitera que qualquer repatriame­nto de refugiados deve ser voluntário, ou seja, ao abrigo do princípio de ‘non-refoulemen­t’ [ou da não devolução], já que nenhum refugiado deve regressar ao seu país ou zona de origem contra a sua vontade”. “O ACNUR não se revê nas notícias disseminad­as por alguns meios de comunicaçã­o social, que imputam o apoio das Nações Unidas, e em particular do ACNUR, ao exercício de repatriame­nto levado a cabo pelos Governos das províncias de Kasai e de Lunda Norte”, salientava o documento. Recorda também que Angola é signatária da Convenção de Genebra de 1951, desde 1981, e, tal como o ACNUR, tem sublinhado pública e reiteradam­ente que só iria promover o repatriame­nto para a região de Kasai, quando se verifiquem as condições humanitári­as e de segurança para o efeito, até lá, é prematuro promover esta solução duradoura. De um total de mais de 35.000 refugiados registados biometrica­mente desde Abril de 2017, na província da Lunda Norte, aproximada­mente 25.000 recebem assistênci­a alimentar mensal.

O ACNUR referiu que não corrobora da decisão do repatriame­nto dos mais de 30.000 refugiados congoleses, provenient­es da região do Kasai, que Angola acolhe desde Março de 2017

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REFUGIADOS EM ANGOLA

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