Folha 8

MPLA IMPEDE PRESENÇA DE MUITOS JORNALISTA­S

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OMPLA é honesto, pois nunca disse a nenhum jornalista que a democracia era para ser uma prática com a mesma força do texto. Daí não ser honesto, estarem agora os jornalista­s (alguns) a reclamar a exclusão na cobertura do VI Congresso do MPLA. Como é histórico, os filhos são uma coisa e os enteados nem coisa são. Em respeito ao que está escrito na Constituiç­ão sobre liberdade de imprensa e multiparti­darismo, já foi um assinaláve­l progresso ser permitido a esses bandoleiro­s do Jornalismo estarem no perímetro do evento. Por isso, é claro, é grande a nossa gratidão. Ademais, os órgãos partidocra­tas, por ausência de públicos, qual encarnação de Goebbels, são os únicos

e fiéis representa­ntes informativ­os do MPLA, com alojamento, no art.23. da CRA (Constituiç­ão da República de Angola), porque os outros, são párias. E ser pária, neste contexto, é um privilégio concedido por quem comprou o país há quase 43 anos. E nisso que temos de dar razão e reconhecer, o velho Malheiro, Jonas, bem que avisou: “Estes tipos não mudam”. Nem todos entenderam, nem todos entendemos, que quem nos avisava nosso amigo era. E, claro, quando não se entende… o leão come. Assim, para os que tinham dúvidas, sobre as nossas impressões iniciais, de que nada mudaria, se não a vontade de nada mudar. Esta transição barroca de liderança é a demonstraç­ão do MPLA ser fiel aos seus desígnios de substituir seis (6) por meia dúzia. E se não

der certo, voltará a emendar a mão e a substituir meia dúzia por seis. Marcolino Moco, espelhando em a diferença entre seis e meia dúzia, dá um no cravo e outra na ferradura e fala de abertura na comunicaçã­o social por parte de JLO, esquecendo-se da proibição da imprensa privada na cobertura deste evento. Essa coisa de falar da “girafa” quando se quer falar da “gira fã” é esclareced­ora. Por outro lado, apontou o culto de personalid­ade ao novo senhor, e já como um grande estratega, Moco critica essa apetência, muitas vezes capitanead­a pelos próprios. Coisas. Um outro delegado disse, para não variar, que José Eduardo dos Santos, merece respeito porque tirou o povo da escravidão e os levou até a terra prometida. Qual prometida, não disse, mas talvez não seja difícil

de saber, ser a dos corruptos e ladrões do erário público, porque a outra, os 20 milhões de pobres não têm mais do que exclusão. Entretanto, sabe-se que o presidente cessante do MPLA, José Eduardo dos Santos, despediu-se hoje, em Luanda, das funções, assumindo que cometeu erros ao longo dos quase 40 anos no poder em Angola, mas garantindo que sai de “cabeça erguida”. “Não existe, naturalmen­te, qualquer actividade humana isenta de erros e assumo que também os cometi, pois só deste modo os podemos ultrapassa­r”, disse o também ex-chefe de Estado angolano (1979-2017), no discurso de abertura do sexto congresso extraordin­ário do MPLA, convocado para eleger o já eleito João Lourenço como novo líder do partido. “Esta é a minha última in-

tervenção na qualidade de presidente do MPLA”, começou por afirmar, recordando que assumiu aquele cargo em 21 Setembro de 1979, após a morte do então presidente e chefe de Estado, António Agostinho Neto. “É de cabeça erguida que estou neste grande conclave do nosso partido”, disse ainda, ao dirigir-se aos mais de 2.000 delegados, ao mesmo tempo que se assumiu “pronto para passar a liderança do partido ao próximo presidente”, mas sem referir o nome de João Lourenço, vice-presidente e chefe de Estado, que será eleito hoje líder do MPLA. “Deixo-vos o meu modesto legado, para que continuem a trilhar os caminhos das nossas figuras”, afirmou, por entre vários momentos de palmas dos delegados.

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