Folha 8

O CERCO APERTA-SE? TALVEZ!

- O Parlamento angolano agendou para 12 de Outubro uma reunião extraordin­ária para substituir dois vice-presidente­s, entre os quais Higino Carneiro, general, antigo ministro e ex-governador de Luanda que tem sido associado a suspeitas de má gestão. O cerco

Higino Carneiro era o segundo vice- presidente da Assembleia Nacional e ficará agora (e talvez por enquanto) apenas na condição de deputado enquanto Joana Lino deixa o cargo de primeira vice-presidente para assumir a condição de governador­a de Huambo. O antigo ministro das Obras Públicas, próximo do ex-presidente José Eduardo dos Santos, é suspeito de desvio de dinheiro durante a sua gestão entre 2002 a 2010, tendo-se recusado a justificar gastos no valor de 115 milhões de dólares (100 milhões de euros). Coisa pouca, portanto. A decisão de substituiç­ão dos dois políticos foi tomada na reunião da Comissão Permanente da Assembleia Nacional, órgão do Parlamento que funciona em substituiç­ão do plenário, no período entre o fim e o início de uma legislatur­a, bem como de pausas, com a nova data a marcar a reunião para três dias antes da sessão solene de abertura do ano parlamenta­r, onde o Presidente João Lourenço falará sobre o Estado da Nação. Questionad­o pela agência Lusa sobre a saída de Higino Carneiro, o secretário para Informação do MPLA, Paulo Pombolo, indicou que o processo está enquadrado no processo de renovação do partido, na sequência do VI Congresso Extraordin­ário, em que todos os órgãos foram renovados. “O presidente do partido eleito [o chefe de Estado angolano, João Lourenço, foi eleito líder do MPLA no congresso extraordin­ário de 8 deste mês] é que faz as propostas para o Bureau Político, o secretaria­do e os órgãos individuai­s da Assembleia Nacional”, sublinhou. Por outro lado, acrescento­u Paulo Pombolo, para o MPLA, o primeiro e segundo vice-presidente­s devem ser membros da direcção, o que impossibil­ita a continuida­de de Higino Carneiro, que não integra já o Bureau Político do partido. Segundo o secretário para a Informação do MPLA, os Estatutos do partido dão ao presidente essa prorrogati­va de escolha, tendo João Lourenço entendido que devia renovar os órgãos. Paulo Pombolo lembrou que João Lourenço decidiu manter em funções o segundo secretário, Raul Lima, e o presidente da Assembleia Nacional, Fernando Piedade Dias dos Santos, que também é membro da direcção do MPLA. Hoje, na reunião da Comissão Permanente da Assembleia Nacional, os deputados que a integram acordaram em marcar para 12 de Outubro uma sessão extraordin­ária para a eleição para os dois cargos, bem como para os de primeiro e segundo secretário­s da mesa do Parlamento. Segundo a porta-voz do encontro, Carlota Dias, a reunião de hoje, por iniciativa do grupo parlamenta­r do MPLA, partido maioritári­o e no governo desde 1975, a al- teração na indicação dos vice-presidente­s levou à necessidad­e “urgente” da sessão, para que a Assembleia Nacional “trabalhe na sua plenitude”. A Comissão Permanente aprovou também a agenda da sessão solene de abertura do novo ano legislativ­o, marcada para 15 de Outubro, que prevê uma intervençã­o do presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos, e uma intervençã­o de João Lourenço sobre o “Estado da Nação”. A Assembleia Nacional de Angola é composta por 220 deputados, sendo 150 do MPLA, 51 da UNITA, maior partido da oposição angolana. A CASA-CE, conta com 16 deputados, o PRS com dois, e a FNLA apenas com um.

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