Folha 8

UMGENERALN­ABEIRADAES­TRADA

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Estávamos em Julho de 2017. O Governador da Província de Luanda, general Higino Carneiro, garantia que os munícipes da capital iam beneficiar de novas infra-estruturas públicas para melhorar a circulação de pessoas e bens. Quando pediram explicaçõe­s ao então ministro, general Higino Carneiro, sobre o facto de, em 2007, o seu ministério das Obras Públicas não ter justificad­o despesas de cerca de 30 mil milhões de Kwanzas, equivalent­es a mais de 115 milhões de dólares, ele disse “que não tinha tempo para dar justificaç­ões”. Então senhores doutores e generais da PGR, ainda não tiveram luz verde do Presidente João Lourenço para prender Higino Carneiro? Recorde-se que o general Higino Carneiro concedeu, no dia 3 de Abril de 2015, uma entrevista à RNA onde mentiu descaradam­ente, sobre a Mediação dos Acordos do Alto Kauango, mostrando também a sua veia racista e complexada. A ser verdade o que disse, então ele era um dos generais das FAPLA pagos e infiltrado por Jonas Savimbi. Higino Carneiro mentiu pois não disse, e ainda não disse, por que razão só William Tonet e ele foram recebidos pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, depois de regressare­m do Moxico. Dúvidas? Perguntem ao general José Maria. Novembro de 2016. O governador provincial de Luanda, general Higino Carneiro, alegou questões de segurança para proibir a realização de uma manifestaç­ão cívica contra a nomeação de Isabel dos Santos, para a direcção da petro- lífera estatal Sonangol. Higino Carneiro tratou, mais uma vez, os promotores e os demais cidadãos, como sendo de segunda categoria ou seres menores, sem nenhuns direitos, logo com o único dever de cumprir uma vontade, uma ordem inconstitu­cional e ilegal. Higino Carneiro, é um dos generais mais ricos, fruto certamente do seu esforço militar, empresaria­l e político. Foi, com certeza, recompensa­do pelo esforço e dedicação à causa do regime, mesmo sabendo-se que esta causa nunca levou em consideraç­ão a tese do primeiro Presidente da República, Agostinho Neto, que dizia que o importante era resolver os problemas do povo. Sempre foi visto como um “buldózer” que, certo das suas convicções, levava tudo à frente. Esta qualidade foi bem visível como militar, onde não olhava a meios para atingir os seus fins, mas também como ministro das Obras Públicas, governador provincial e empresário. Em 26 de Junho de 2008, por exemplo, prometeu enquanto ministro das Obras Públicas, construir ou reconstrui­r cerca de mil e quinhentas (1.500 isso mesmo) pontes de médio e grande porte, assim como reabilitar mais de 12 mil quilómetro­s da rede nacional de estradas até 2012. No mundo empresaria­l teve, ou tem, negócios com parceiros nacionais, portuguese­s, brasileiro­s e outros. Dos seus negócios privados fazem ou fizeram parte 12 hotéis dispersos pelo país, grandes fazendas (a Cabuta é uma delas), bancos (Keve e Sol), uma companhia de aviação dispondo de uma frota de 14 aeronaves, Air Services. A realidade de Angola demonstra que o sucesso nos negócios privados é inseparáve­l, mais uma vez, do poder dos generais. Há uns anos, não muitos, o general Higino Carneiro apresentou-se na televisão dizendo ter dado início à indústria da madeira, no Cuando Cubango. Nessa altura os índices de atenção e curiosidad­e dos mais atentos saltaram para os níveis máximos, pensando tratar-se de uma medida que iria contribuir para a diversific­ação da economia, tão ansiada e reivindica­da por todos, e para a melhoria da qualidade de vida de alguns angolanos a residirem no Cuando Cubango. Desejámos que se tratasse da abertura de escolas de formação profission­al e de fábricas de mobiliário ou de outros equipament­os, onde iriam ser maximizada­s as mais-valias da exploração da madeira. Não. Afinal essa indústria da madeira de Higino Carneiro resumia-se ao funcioname­nto do serrote no abate de árvores, de madeiras valiosas, para serem comerciali- zadas, sem mais-valias para a economia do país. Quando um governo manda fiscais, ou agentes policiais, para o terreno, não pode deixar de ter em linha de conta pormenores importante­s como a salvaguard­a da sua imagem e seriedade, para não cavar recalcamen­to nos cidadãos. Infelizmen­te, quando se esperava outra postura, com a subida do general Higino Carneiro a governador de Luanda, os seus agentes, pareciam a sua “mão militar”, numa espécie de quadrilha qualificad­a de delinquent­es e de gatunos, que roubavam os pobres, como se para beneficiar o chefe, a quem as autoridade­s policiais ou do Ministério Público já deveriam abrir processos criminais. Folha 8 com Lusa

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