OFERTA PÚBLICA DE AQUISIÇÃO DE… ÁFRICA
O Presidente chinês, Xi Jinping, anunciou no dia 3 de Setembro, no Fórum de Cooperação China-áfrica (FOCAC), em Pequim, 60 mil milhões de dólares (51 mil milhões de euros) em assistência e empréstimos para países africanos, no formato de assistência governamental e através do investimento e financiamento por instituições financeiras e empresas. Quinze mil milhões de dólares serão disponibilizados em empréstimos isentos de juros ou com condições preferenciais, vinte mil milhões em linhas de crédito, dez mil milhões num fundo especial para o desenvolvimento de mecanismos financeiros e cinco mil milhões para financiar importações oriundas do continente, detalhou Xi Jinpin. O também secretário-geral do Partido Comunista da China afirmou que Pequim vai encorajar as empresas do país a investir pelo menos dez mil milhões de dólares nos países africanos, durante o mesmo período, e avançou com o perdão de dívidas para os países com menos possibilidades. “Para os países menos desenvolvidos ou altamente endividados, sem costa marítima ou pequenas nações insulares, que têm relações diplomáticas com a China, a dívida contraída junto do Governo chinês isenta de taxas de juro, que venceria no final de 2018, será perdoada”, afirmou Xi Jinping. O líder chinês estabeleceu ainda os objectivos da cooperação para os próximos anos, com destaque para as áreas industrial, agricultura, infra-estrutura, ensino e segurança. “Vamos apoiar África a alcançar a segurança alimentar, em 2030 (…) e implementar 50 programas de assistência para a agricultura”, disse Xi Jinping, que prometeu ainda mil milhões de yuan (126 milhões de euros) em assistência humanitária aos países afectados por desastres naturais. Pequim compromete-se ainda a lançar, em conjunto com a União Africana, um projecto de conectividade entre as infra-estruturas do continente, que incorpore energia, transporte, informação, telecomunicações e recursos hídricos. “Vamos trabalhar com África para desenvolver um único mercado de transporte aéreo e abrir mais voos directos entre China e África”, acrescentou. Xi Jinping prometeu também distribuir 50.000 bolsas de estudo para estudantes oriundos de países africanos. No âmbito da Defesa, o líder chinês prometeu apoio aos países do continente no combate à luta contra o terrorismo, nas áreas mais afectadas por grupos violentos. “Continuaremos a prestar apoio militar à União Africana e apoia- remos os países da região subsaariana e dos Golfos de Adem e da Guiné, para que mantenham a segurança e combatam o terrorismo nestas áreas”, disse. A China, que no ano passado abriu a sua primeira base militar no estrangeiro, no Djibuti, no Corno de África, continuará também a apoiar o combate à pirataria e estabelecerá um fundo para impulsionar a cooperação em matéria de missões de paz e manutenção da ordem, disse. Xi Jinping sublinhou que o investimento chinês no continente não acarreta “condições políticas” e que a China “não interfere nos assuntos internos de África e não impõe a sua vontade sobre África”. Era costume dizer-se que quando a esmola é grande o pobre desconfia. Não é, contudo, o caso. Sobretudo porque a esmola, apesar de enormíssima, não é dada aos pobres mas, antes, aos ricos. E a estes pouco importa se a China está a pilhar os recursos naturais de África e a conduzir estes países para a armadilha do endividamento, ao conceder crédito a países financeiramente débeis ou corruptos. O líder chinês lembrou, no entanto, que “ninguém pode minar a grande unidade entre os povos da China e de África”. “Ninguém pode negar os feitos alcançados pela nossa cooperação, através de suposições e imaginação”, disse Xi Jinping. Em consonância com a China está o próprio secretário-geral da ONU, António Guterres, que garante que as Nações Unidas vão “continuar a apoiar o esforço da China na concretização de parcerias” e a promover a cooperação entre os países africanos. Num dos discursos que marcou a abertura do evento em Pequim, António Guterres sustentou que a relação entre a China e os países africanos pode ser crucial para garantir “uma globalização justa” e um desenvolvimento inclusivo, uma prioridade para as Nações Unidas. “Este fórum (…) é a concretização de duas principais prioridades das Nações Unidas: de perseguir uma globalização justa e promover um desenvolvimento que não deixe ninguém para trás”, sublinhou António Guterres. O desenvolvimento sustentável, o reforço da boa governação, o aprofundamento da cooperação entre os países do hemisfério sul, a concretização de políticas fiscais que promovam o progresso e combatam a corrupção e a lavagem de dinheiro são desafios fundamentais que se colocam em África, afirmou o secretário-geral da ONU. “Juntos, China e a África podem unir o seu potencial para assegurar um pacífico, durável e equitativo progresso para benefício de toda a Humanidade”, defendeu Guterres.