PARABÉNS
A TPA fez aniversário: 43 anos. Fiquei emocionado e, ingenuamente, pensei com os meus botões: em 2018, Outubro, 18, serei convidado como um dos quase fundadores da Televisão Popular de Angola, ainda vivo, pois, somos poucos, pouquíssimos os sobreviventes, quase uma espécie em vias de extinção, para falar do que sinto deste órgão. Com a tão alardeada nova abertura, acreditei que veria, nos televisores, para além dos que passaram, aqueles que implantaram os primeiros caboucos, como a Ticha, Carlos Cunha, Paulo Mateta, Toni Pedreira, Ladislau, Cândido, Fitti e outros poucos, para recordarem os momentos que vivemos, naquela casa, desde o pós- -independência ou pós-77. Bom. Foi uma mera ilusão, afinal, mudou o que nada mudou e continuo a ser proibido de entrar numa televisão, onde passei bons momentos da minha vida profissional, deixando dois programas: Horizonte, responsável pelas transmissões em directo da Televisão Popular de Angola e o Panorama Económico de critica contra a má gestão, a corrupção, em pleno período de partido único. E, no 19, dia seguinte, ainda me lembrei de uma entrevista censurada, em 2016, feita por Fernando Borges, onde eu falava apenas do processo de paz, como tinha ocorrido. No início perguntei, tens certeza, Borges, que tens a autorização do comité de especia- lidade do MPLA na TPA, para esta entrevista? Ele disse não haver problemas, pois não se tratava de política. Enganou-se. Chegado a televisão, a tesoura da censura cortou a pretensão e a entrevista nunca foi para o ar. Ainda assim, parabéns TPA e, um dia, quem sabe, nos encontraremos reconciliados, numa esquina qualquer...