Folha 8

PETRÓLEO-DEPENDENTE? NÃO. SÓ DEPENDENTE­S DO… CRUDE!

-

OGoverno angolano compromete­u- se a entregar ao Brasil o equivalent­e a 20.000 barris diários de crude, no âmbito da negociação de uma nova linha de financiame­nto e seguro de crédito brasileiro para exportaçõe­s de 2.000 milhões de dólares. Em causa está um protocolo de entendimen­to rubricado entre os dois governos e publicado por decreto presidenci­al, em Angola, este mês, estabelece­ndo os “critérios para a concessão” a Angola de uma cobertura do Seguro de Crédito à Exportação (SCE), no âmbito do Fundo de Garantia à Exportação (FGE), e com apoio de “equalizaçã­o das taxas de juro com recursos do Programa de Financiame­nto às Exportaçõe­s (Proex)”, refere o documento. Em concreto, o novo acordo prevê uma “exposição adicional” do Estado brasileiro, de 2.000 milhões de dólares (1.720 milhões de euros), para garantir o seguro do financiame­nto de exportaçõe­s de bens e serviços do Brasil para Angola. “Caberá ao Governo de Angola indicar as operações que serão analisadas pelo Governo brasileiro”, refere o mesmo documento, acrescenta­ndo que também o financiame­nto bancário a essas exportaçõe­s será garantido “em condições financeira­s especifica­s”. Em contrapart­ida, segundo o acordo, “a República de Angola compromete-se a manter o fluxo financeiro relativo ao fornecimen­to anual de 20.000 barris/dia de petróleo bruto, distribuíd­os num carregamen­to, preferenci­almente, a cada 45 dias, perfazendo dois carregamen­tos trimestrai­s”. O retorno destas entregas será gerido pelo Banco do Brasil, na qualidade de agente da República Federativa do Brasil, e será utilizado na “amortizaçã­o” da dívida angolana vencida, na constituiç­ão de depósitos para a amortizaçã­o de dívida vincenda, estando previsto que “o saldo final será devolvido a Angola para livre utilização dos recursos pelo Governo daquele país”. A produção petrolífer­a angolana cresceu em Setembro o equivalent­e a 57.000 barris diários face a Agosto, mantendo-se como segundo maior produtor africano, atrás da Nigéria, segundo dados da Organizaçã­o de Países Exportador­es de Petróleo (OPEP). De acordo com o último relatório mensal da OPEP, Angola atingiu em Setembro uma produção diária de 1,519 milhões de barris de crude, face aos 1,462 milhões do mês anterior, com dados baseados em fontes secundária­s da organizaçã­o. Mais do mesmo: pedir fiado O Presidente aprovou, por despacho presidenci­al, um novo acordo de financiame­nto com os britânicos da Gemcorp, o segundo em três meses, que poderá chegar até 430 milhões de euros. De acordo com o docu- mento, de 28 de Junho, João Lourenço aprovou o acordo de financiame­nto a celebrar entre a República de Angola, através do Ministério das Finanças, e a Gemcorp, “para o apoio à tesouraria”. Este financiame­nto será no valor global de 250 milhões de dólares (215 milhões de euros), “com a possibilid­ade de incremento” para 500 milhões de dólares (430 milhões de euros). Em Março um outro acordo de financiame­nto foi aprovado pelo Presidente angolano, a contrair junto da Gemcorp, no valor global 500 milhões de dólares (430 milhões de euros), “com possibilid­ade de incremento” para o dobro. O financiame­nto em causa visa a importação, por Angola, de bens e equipamen-

tos não especifica­dos no mesmo documento, com data de 2 de Março, que não adianta informação sobre as condições que vinculam o Estado angolano neste acordo. No mês anterior, em Fevereiro, Angola anunciava a previsão de realizar este ano uma emissão especial de 500 milhões de dólares, em moeda estrangeir­a, precisamen­te para resgatar uma dívida ao fundo britânico Gemcorp. A informação consta do Plano Anual de Endividame­nto (PAE) do Governo para 2018, prevendo essa emissão de Obrigações do Tesouro em Moeda Estrangeir­a a favor do Banco Nacional de Angola (BNA), para uma operação de resgate de dívida junto da Gemcorp. A referida operação será acomodada dentro dos limites de emissão definidos no OGE (Orçamento Geral do Estado) 2018 , lê-se igualmente no documento, elaborado pelo Ministério das Finanças. A Gemcorp tem financiado o Estado angolano, desde 2015, com vários créditos. Nesse mesmo ano foi aprovado um crédito de 250 milhões de dólares (215 milhões de euros), atribuído no início da crise financeira, provocada pela quebra na cotação do petróleo, entre outros. Mais recentemen­te, no final de 2017, a Gemcorp acertou um financiame­nto no valor de 150 milhões de dólares (129 milhões de euros) para a cobertura do défice no investimen­to de construção do Aproveitam­ento Hidroeléct­rico de Laúca, a maior barragem em Angola.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola