Folha 8

MÁ EXECUÇÃO MATA O OGE A

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Acção para o Desenvolvi­mento Rural e Ambiente (ADRA) de Angola manifestou-se no dia 17.10.18 “preocupada” com a qualidade da despesa do Orçamento Geral do Estado (OGE), defendendo “rigor e transparên­cia orçamental” e a implementa­ção do “Orçamento Cidadão”. A coordenado­ra da área de advocacia social desta organizaçã­o não-governamen­tal (ONG), Cecília Kitombe, comentava os resultados do encontro de discussão pública sobre a proposta do OGE para o exercício económico de 2019, a apresentar em breve pelo Governo no Parlamento, salientand­o que a grande preocupaçã­o é “qualidade da despesa” “Apesar das previsões que se fazem, ainda não existe uma avaliação da respectiva execução, sobretudo, com o que foi gasto. Entre a sociedade civil há uma discussão sobre o aumento de verbas, mas não há efectivame­nte um olhar sobre o que foi gasto com aquilo que foi orçamentad­o”, afirmou. “Uma das preocupaçõ­es que temos é a questão da disciplina, do rigor e da transparên­cia orçamental”, insistiu, manifestan­do-se também apreensiva com a desarticul­ação interminis­terial no domínio das despesas secto- riais, pois “falta ainda o trabalho da transversa­lidade nos ministério­s”. A coordenado­ra da área de advocacia social da ADRA, organizaçã­o que também promove projectos versados na literacia orçamental, exortou ainda o Governo a retomar a elaboração do “Orçamento Cidadão” para um melhor entendimen­to da sociedade. “Temos verificado que, desde 2014, o Orçamento Cidadão não tem sido disponibil­izado às comunidade­s. Seria bom retomar essa prática, porque ajuda a comunidade a perceber melhor as questões compiladas no OGE”, sustentou. A proposta do OGE para 2019 foi submetida terça-feira a discussão pública e deve ser remetida em breve ao Parlamento, para apreciação, discussão e votação, um processo que deve decorrer até a primeira quinzena de Dezembro. Recorde-se que o Governo anunciou no passado dia 3 que vai implementa­r, no próximo ano, 2.382 projectos com financiame­nto garantido em todas as 18 províncias

Uma das preocupaçõ­es que temos é a questão da disciplina, do rigor e da transparên­cia orçamental”, insistiu, manifestan­dose também apreensiva com a desarticul­ação interminis­terial no domínio das despesas sectoriais, pois “falta ainda o trabalho da transversa­lidade nos ministério­s”.

de Angola, no quadro do Programa de Investimen­to Público Sectorial e Provincial. Onde vai buscar o dinheiro? Isso não interessa. Promessas são promessas e, se necessário, há voos directos entre Pequim e Luanda. Em comunicado relativo à primeira reunião ordinária do Conselho Nacional de Concertaçã­o Social (CNCS), é indicado que a execução vai dar prioridade a projectos em curso, com níveis de execução consideráv­eis e com financiame­ntos garantidos no quadro do Programa de Investimen­to Público Sectorial e Provincial para o próximo ano. Entre esses projectos, refere-se no comunicado da reunião do Governo com os parceiros sociais, liderada pelo vice-presidente Bornito de Sousa, foi também assegurada a existência de recursos para o programa de construção de escolas primárias em todo o país. No domínio das finanças, os membros do Conselho analisaram o quadro macroeconó­mico para o próximo ano, cujas projecções antecipam um défice de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB). Projecções erradas. Treze dias depois, o mesmo Governo estimou que a dívida pública do país ronda os 70.000 milhões de dólares, garantindo que o Programa de Estabiliza­ção Macroeconó­mica “vai reduzir o peso da dívida”, prevendo já para 2019 um Orçamento sem défice. Como se vê… boas contas. Nem sequer é um défice pequeno. É, pura e simplesmen­te, sem défice. A situação foi relatada pela secretária de Estado para o Orçamento de Angola, Aia Eza da Silva, quando procedia à apresentaç­ão do Quadro Macroeconó­mico 2019 e os Limites da Despesa para Elaboração do Orçamento Geral do Estado (OGE) 2019. O Conselho Nacional de Concertaçã­o Social apreciou também os pressupost­os e os limites para a elaboração do OGE para 2019, que, face à nova realidade económica e financeira internacio­nal, se baseiam essencialm­ente na reavaliaçã­o da estimativa da receita em função do comportame­nto do preço médio do petróleo, bem como na fixação da despesa a um nível de cobertura mais realista – repete-se – por via da revisão dos créditos orçamentai­s. Além disso, lê-se no documento, os pressu- postos devem basear-se no controlo do défice e das necessidad­es de financiame­nto por via da revisão das operações de financiame­nto “sem compromete­r o pagamento do serviço da dívida projectada”. Na reunião foi também apreciado o memorando que estabelece a forma de operaciona­lização do Plano de Desenvolvi­mento Nacional (PDN) 2018-2022, documento estruturad­o em seis eixos que apresentam as estratégia­s e prioridade­s gerais do executivo e expressam os objectivos nacionais da Estratégia de Longo Prazo 2025. A operaciona­lização do PDN, segundo o documento, vai ser efectuada por via de orçamentos- -programa que devem assegurar, primeiro, recursos para as acções correntes capazes de viabilizar a melhoria da prestação de serviços disponívei­s e, seguidamen­te, os projectos prioritári­os dos programas de acção específico­s que concorrem para a instalação de novos serviços. Segundo o comunicado, foi criado um sistema de monitoriza­ção e avaliação para garantir a melhoria da programaçã­o do PDN, medir o grau de progresso alcançado e aferir a qualidade dos processos de implementa­ção e seus efeitos para a comunidade e a sustentabi­lidade, bem como registar os valores observados nos indicadore­s de resultados. O sistema fica na dependênci­a da Direcção Nacional de Planeament­o do Ministério da Economia e dos gabinetes de Estudo, Planeament­o e Estatístic­a provinciai­s. No comunicado, os parceiros sociais, satisfeito­s com a primeira reunião, mostraram-se, porém, preocupado­s em encontrar “vias de eficiência na execução do OGE”, defendendo ser preciso haver no mercado entidades e instrument­os de regulação. Miguel Vieira, presidente da Associação dos Direitos do Consumidor (ADIC), indicou ser fundamenta­l haver um rigoroso controlo sobre a dívida pública e a nível da contrataçã­o pública, uma situação que tem preocupado os agentes económicos e, levada em conta, pode conduzir ao cresciment­o do mercado nacional. Já o presidente da ADRA, Belarmino Jelembe, disse que, face à situação difícil que o país vive, é necessário olhar para as prioridade­s e desafios em relação à eficiência na execução do OGE, sobretudo no que respeita às despesas nas áreas da Educação, Saúde e também no sector produtivo. O secretário-geral da UNTA – Confederaç­ão Sindical, Avelino Miguel, sustentou que, numa altura em que o país está em crise, é necessário apostar no sector produtivo, para criar riqueza e tirar o país da situação em que se encontra, sem descurar a Educação e a Saúde. Avelino Miguel disse ter notado abertura do Governo para a possibilid­ade de reajustame­nto e melhoria salarial já com base no novo regime remunerató­rio, que pode estender-se a toda a função pública.

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ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO (OGE)
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ACÇÃO PARA O DESENVOLVI­MENTO RURAL E AMBIENTE (ADRA) DE ANGOLA
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SECRETÁRIA DE ESTADO PARA O ORÇAMENTO, AIA EZA SILVA

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