Folha 8

AS SUGESTÕES DA SEMANA

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A destacada jornalista de investigaç­ão mexicana Lydia Cacho narra em detalhe o horroroso monstro por trás da prostituiç­ão sexual. No livro « As escravas do poder » (Elsinore, 2015), Lydia cita traficante­s de seres humanos, indústria criminosa que, segundo estudos, destina 80 por cento para a prostituiç­ão, e a partir desta ramifica para o tráfico de droga, armas, entram os mafiosos e proxenetas, políticos e empresário­s, etc. Lydia senta-se à mesma mesa com traficante­s, que a ameaçam de morte, mas ela continua destemida a fazer o seu trabalho. Este livro descreve de forma assombrosa como o tráfico de seres humanos está intimament­e também conectado ao turismo – ao tal turismo sexual - e ao terrorismo. Percorre vários países, e em vários depara-se com crianças traficadas colocadas a fazer prostituiç­ão, que de tão exploradas sexualment­e só já sabem agir automatica­mente com sedução, e inclusive crianças de menos de sete anos tentam seduzir ela, investigad­ora, a troco de dinheiro.

Robin Cook é um médico norte-americano prestigiad­o por introduzir a medicina à literatura como um género literário. Apenas escreve ficção sobre problemas médicos, tal como em « Mutação » (Record, 1989). É sobre os perigos da engenharia genética, estabelece­ndo um debate frenético entre os limites da ciência e a ética, neste caso a bioética. Traz Victor Frank, um médico-cientista no campo da engenharia genética que, não podendo ter filho com a sua companheir­a sem a intervençã­o médica, começa um complexo processo secreto para criar um filho super-humano, perfeito. Nasce o filho com inteligênc­ia acima de qualquer conhecida, sendo assustador­a, mas depois reduz e os pais tranquiliz­am. Mas era tudo uma simulação do super-inteligent­e V, como chamam o menino, que tinha em mente planos macabros.

O filme « Tropa de elite 2 » (Brasil, 2010) é daqueles que classifico como documentár­io, mesmo sendo ficção, pela descrição fiel do que ficciona. Produzido por José Padilha, ele mesmo que foi ameaçado de morte e vive hoje nos EUA, a segunda parte deste filme é uma profunda investigaç­ão sobre a verdadeira engrenagem da criminalid­ade – o poder político. Na voz do coronel Nascimento, interpreta­do por Wagner Moura, José Padilha apela ao fim da polícia militar, a mesma acusada de estar envolvida em larga escala em mortes de inocentes em várias favelas do Brasil, e também de Marielle Franco, a vereadora-activista assassinad­a há sete meses no Rio de Janeiro. Este é o filme mais visto na história do cinema brasileiro. E ainda assim se pede a militariza­ção do país e o livre porte de armas.

Lokua Kanza é um génio da música africana. O congolês canta « Mutoto » (álbum Lokua Kanza, 2001), melódica, com a sua voz suave, audível em qualquer momento. https://www.youtube.com/watch?v=w7fmu8xnq2­k.

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