DE ANTÓNIO OLE
Aesta viscosa exposição, “Ossos do Ofício”, António Ole reúne um conjunto de aproximado de cinquenta obras de expressões diversificadas, designadamente de pintura, fotografia e instalação, na grande maioria inéditas. Segundo o artista “é inevitável que ao chegar a este patamar, cinquenta e tal anos a trabalhar em artes visuais, me ocorra agora rever algumas aventuras recentes, outras mais an- tigas, embora isso não faça parte da minha práxis habitual. Detenho-me pouco a olhar para trás. Ao longo do tempo, encontrei então essa ligação íntima entre a realidade e a matriz poética que lhe dá alimento, que lhe dá cimento. A arte, às vezes, também se faz a partir de quase nada, daquilo que se pressente apenas, em menor escala daquilo que é racional ou austero. Ossos do Ofício dirão! As ideias e narrativas fluem. Os materiais consolidam-se. O desenho persiste, na tábua / memória em traços muito leves na superfície intocada,” evocou António Ole. Em “OSSOS DO OFÍCIO”, António Ole presta uma homenagem à memória dos que já partiram, porque “os mortos desaparecem, mas renascem na nossa memória”. Os nomes de Ruy Duarte de Carvalho, Herberto Hélder e José Rodrigues sobressaem nesta galeria de memória e evocação, pelo registo, que permanece vivo na memória, do seu trabalho criativo e do seu profundo humanismo.