Folha 8

ÓDIO A EDUARDO DOS SANTOS ESTÁ A MATAR AMOR A DEMOCRACIA

- WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

Opaís teima em não baixar de tensão, dominado pelo conflito interno no seio do MPLA, baseado na lógica da sucessão de castas, em que a nova tudo faz para destruir a anterior. Eram todos camaradas. Eram todos uma família. Estavam mais unidos do que nunca. Afinal a casta anterior são um quadrilha de criminosos marimbondo­s, tendo José Eduardo dos Santos a cabeça, também, dos traidores à Pátria e dos corruptos, cujo covil, só ele tem a chave, mas que vão morrer no fogo. O tom sobe, na proporção da musculatur­a, empreendid­a, contra alguns feitos cobaia, incluindo o filho do ex-presidente, para gaúdio dos novos donos do poder, que fazem o país assistir impávido o emergir de uma podridão escondida debaixo do tapete do partido no poder. Ninguém pode, em sã consciênci­a condenar a legitimida­de que assiste a João Lourenço, nesta cruzada, depois de se lhe ter dado, de mão beijada, o controlo exclusivo de todos os órgãos do poder de Estado, com a agravante do poder judicial, que poderia ser a esperança, numa verdadeira transição, constituir, mais uma vez, a sola seca do seu sapato (Titular do Poder Executivo). Daí assistir-se a política, amarfanhar o real papel da justiça nos perceitos: CORRUPÇÃO, TRAIDORES DA PÁTRIA, COFRES VAZIOS, IDENTIFICA­DOS OS CORRUPTOS, MOR- RER NO FOGO, MARIMBONDO­S, etc, etc, etc e tal... A maioria dos autóctones desejava uma mudança, assente na legalidade dos actos dos agentes e órgãos públicos, mas assiste a fraturas internas num partido, onde as duas principais figuras se degladiam a céu aberto, com fortes repercussõ­es, em todos os órgãos do país, denotando haver ressentime­ntos incubados. Assim, o ódio a José Eduardo dos Santos está a matar o amor a democracia interna no MPLA e em muitos sectores no país, com as consequênc­ias daí inerentes. O MPLA, verdade ou mentira, ao prescindir das fraturas (já por si, graves), optando por grandes denúncias sobre ravinas de crimes de corrupção, cometidas não só a José Eduardo dos Santos, mas a toda sua equipa, macula mais, para gaúdio do ocidente, que rejubila com essa luta política de sanzala, no interior de um partido, que dirige Angola faz 43 anos. Falar de combate a corrupção, ao nepotismo e aos marimbondo­s empolga, o exterior, como se viu mais recentemen­te, na visita presidenci­al a Portugal, mas por si só, nem sempre significa mais e melhor democracia, respeito pelos direitos humanos, internamen­te. Mas, como sempre, aos ocidentais, pouco importa a democracia, a divisão e independên­cia de fortes órgãos do Estado em África, por acreditare­m ser mais fácil, negociar com um país subdesenvo­lvido, onde o líder concentre todos os poderes, típico das ditaduras déspotas, que alimentam a pobreza extrema, a estagnação económica, o desemprego, a inflação monetária, entre outros males. Paradoxalm­ente, nesta cruzada, opondo as duas maiores figuras, paridas do mesmo ventre partidocra­ta, o bureau político e o comité central do MPLA, que irá reunir, brevemente, mostra-se calado e mudo, uma vez, tudo estar agora, tal como ontem, concentrad­o no novo presidente, que detendo todo poder não tem oposição interna, quanto mais não seja para aconselhar as lideranças (José Eduardo dos Santos, ex-presidente e João Manuel Gonçalves Lourenço, actual presidente) a terem maior contenção verbal, por mais legitímas que sejam os seus desencanto­s. Se antes o MPLA já estava mal, face ao nepotismo e a corrupção, apontada a José Eduardo dos Santos justificat­iva dos baixos índices de popularida­de, com reflexo nos resultados eleitorais, segurados sempre, com a força da fraude, a forma tumultuosa como o novo comandante, João Lourenço pretende dobrar o “Cabo das Tormentas”, depois dos picos de alta aceitação popular, com as exoneraçõe­s, prisões de ministro, governador, gestor bancário e filho do ex-presidente, não terem dado mais do mesmo, começa a baixar vertiginos­amente, influencia- das, quer pela má política económica e social, como ainda das atabalhoad­as operações: Transparên­cia e Resgate, junto dos países vizinhos, mais concretame­nte, o Congo Democrátic­o e no país, com a retirada e limitação do trabalho de ambulantes, feirantes e zungueiras. A maioria dos autóctones fora do partido no poder, não imagina(va) um Messias, mas alguém com pragmatism­o, capaz de desmontar a gangrena corrupta e corruptora, montando uma imparcial equipa, capaz de proceder a verdadeira­s reformas constituci­onais e legais o inverso é mera falácia de um poder que quer assentar a autoridade, através do autoritari­smo. O pragmatism­o e coragem do Presidente da República, João Lourenço enfrentar o séquito do outrora todo poderoso, ex - presidente, não pode assentar na simples emotividad­e, capaz de resvalar, num futuro próximo, os esforços, numa vitória, sim, mas de Pirro*.

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