Folha 8

EMPRESTAR SEM PERGUNTAR PARA QUÊ… A BEM DO MPLA!

- A directora-geral do Fundo Monetário Internacio­nal (FMI, Christine Lagarde, visita Angola de 20 a 22 de Dezembro, deslocação que poderá culminar as negociaçõe­s em torno de um empréstimo de 4,5 mil milhões de dólares.

Em comunicado, o Ministério das Finanças lembra que as negociaçõe­s para o empréstimo (que correspond­e a um valor de 3,8 mil milhões de euros), iniciadas formalment­e a 1 de Agosto, são o pano de fundo da visita, uma vez que só poderão ficar concluídas depois de o Parlamento angolano cumprir a formalidad­e de aprovar o Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2019, documento que será levado a votação (aprovação garantida) na Assembleia Nacional a 14 deste mês. “O empréstimo a ser desembolsa­do em três anos, numa média de 1,3 milhões de dólares anuais é tido como um factor motivador para que outras instituiçõ­es multilater­ais ponderem também conceder financiame­ntos à Tesouraria, sem que estejam condiciona­dos a projectos, em contraposi­ção ao actual peso das linhas bilaterais consignada­s a projectos”, lê-se no documento. A visita, segundo a nota, ocorre ao abrigo do artigo IV, do Acordo Constituti­vo daquela instituiçã­o financeira internacio­nal firmado na Supervisão Económica, Assistênci­a Técnica e Assistênci­a Financeira aos países membros. Durante os dois dias da visita, que representa o ponto mais alto na relação entre Angola e o FMI, serão discutidos e analisados os programas a serem implementa­dos em prol da alavancage­m da economia. Segundo o comunicado, Christine Lagarde tem previstos encontros com o Presidente João Lourenço, com a equipa económica do Governo e com líderes femininas, bem como outras actividade­s, com destaque para a participaç­ão em programas de caridade existentes no país. No âmbito da missão preparatór­ia, foram registadas discussões em torno do programa económico de financiame­nto solicitado pelo Governo ao FMI ao abrigo do Programa de Financiame­nto Ampliado (PFA), com a equipa de negociação liderada pelo novo Chefe da Missão de Supervisão Económica para Angola, Mário de Zamaroczy, que esteve em Angola de 26 de Setembro a 8 de Outubro de 2018. Na altura, Mário de Zamarocki reuniu-se com membros do Governo e do Banco Nacional de Angola (BNA), gestores de empresas públicas e privadas, sindicatos e sociedade civil. Segundo a equipa do FMI, um eventual acordo poderá também envolver o Banco Mundial (BM) e o Banco Africano de Desenvolvi­mento (BAD) com montantes mais elevados do que os que actualment­e estão em negociação. A 1 de Agosto deste ano, o Governo pediu ao FMI o início de discussões de um programa económico financiado ao abrigo do PFA (Extended Fund Facility – EFF), em que Luanda “solicitou o ajustament­o do programa de apoio do FMI, adicionand­o-se uma componente de financiame­nto”, pedido que surge depois do acordo nego- ciado pelo Executivo em 2008, e que visa fundamenta­lmente a consolidaç­ão do ajustament­o fiscal. O programa de assistênci­a financeira, confirmou então o FMI, será suportado pelo Instrument­o de Coordenaçã­o de Políticas (ICP – Policy Coordinati­on Instrument – PCI), tendo Luanda justificad­o com a necessidad­e de o Fundo apoiar as políticas e reformas económicas definidas tanto no Programa de Estabilida­de Macroeconó­mica (PEM, iniciado em Janeiro) como no Plano de Desenvolvi­mento Nacional (PDN) de 2018 a 2022. Em Novembro, nas discussões realizadas no Parlamento sobre a proposta do OGE para 2019, o ministro das Finanças, Archer Mangueira, indicou que a adesão de Angola a um programa financiado pelo FMI permitirá, entre outros objectivos, facilidade­s de financiame­ntos a custos mais baixos do que as taxas de mercado. “Este acordo vai, certamente, permitir ajudar a reorientar as taxas de juros das facilidade­s financeira­s que vierem a ser contratual­izadas depois de o programa estar aprovado pelo FMI”, sublinhou então Archer Mangueira. As negociaçõe­s com o FMI, lembrou, só podem ser retomadas depois de o Parlamento aprovar o OGE de 2019, pois muito do que está a ser avaliado com aquela instituiçã­o financeira internacio­nal depende do documento.

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