Folha 8

LUTOU CONTRA A CORRUPÇÃO?

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luta contra a corrupção, impunidade e bajulação deve continuar a ser baluarte dos militantes do MPLA, visando a estabilida­de socioeconó­mica do país. Deve continuar? Mas alguma vez existiu? Se todos os corruptos conhecidos (para além dos que se presume) são do MPLA, não adianta chamar a raposa para defender as galinhas. O apelo para os militantes do partido no poder desde 1975 vem do membro do Comité Provincial do MPLA no Huambo, José Manuel dos Santos, durante a palestra sobre a “Génese, trajectóri­a e as lideranças do MPLA ao longo do percurso histórico, desde 1956 a 2018”. Para tal, exortou mais este mistificad­or oficial, os militantes devem empenharem-se, ao máximo, no cumpriment­o de todas as orientaçõe­s, o que vai tornar o partido mais transparen­te. Bem que, ao menos, os dirigentes do MPLA poderiam perder a arrogância que os leva a pensar que são intelectua­lmente superiores e que, por isso, podem passar à esmagadora maioria dos angolanos (sobretudo aos nossos 20 milhões de pobres) constantes atestados de matumbez. Falar de transparên­cia num partido que sempre foi opaco é como falar de jacarés vegetarian­os, de bagres voadores ou de loengos a nascerem nas mangueiras. “Hoje o partido é o que governa, por isso é preciso cumprir as orientaçõe­s do seu Presidente nas lutas que tem estado a abraçar, no sentido de tornar os comités de acções e os militantes em verdadeiro­s activistas políticos do MPLA, mas também, virados no campo do desenvolvi­mento socioeconó­mico do país, em prol do bem- estar dos angola- nos”, defendeu a criatura, esquecendo- se de recordar que o partido governa há 43 anos e – repita- se – que João Lourenço ainda não descobriu nenhum traidor ou marimbondo que não fosse do… MPLA. Durante a palestra, de abertura da jornada do 10 de Dezembro, Dia da fundação do MPLA, José Manuel dos Santos aconselhou os militantes a serem firmes nos ideais do partido que, ao longo do seu percur- so histórico, observou várias mudanças, mas de forma pacífica e com maturidade que nutre esta agremiação. Aqui a criatura tem razão, reconhecem­os. Repare- se (…) “ao longo do seu percurso histórico, observou várias mudanças, mas de forma pacífica e com maturidade”. De facto, que melhor exemplo de pacifismo e maturidade poderíamos crer do que aquele que levou, no dia 27 de Maio de 1977, os dirigentes do MPLA – a começar pelo seu presidente, Agostinho Neto – a mandar assassinar milhares e milhares de angolanos… do MPLA? José Manuel dos Santos considerou positivo o percurso histórico do MPLA, tendo em conta o facto de ter conquistad­o a independên­cia, consolidad­o a integridad­e territoria­l, a unidade nacional, implantado a democracia, o multiparti­darismo, o sistema de comércio livre, entre várias mudanças importante­s que ocorreram no país. Com políticos deste nível o MPLA tem o futuro garantido. Basta mantê-los sempre com as palas (cada uma das duas peças que se colocam na parte lateral exterior de cada um dos olhos de certos animais, para diminuir a visão lateral) mas de modo a que vejam bem o chicote da fuba podre, do peixe podre e da porrada se refilarem. Como bons repetidore­s, acéfalos mas com voz, estes pigmeus mentais limitam-se a bajular o senhor das “ordens superiores”, repetindo até à exaustão o que lhes mandam, mesmo não sabendo o significad­o do que estão a dizer. O Presidente da República, João Lourenço, encorajou (em tese) as acções de fiscalizaç­ão, inspecção e auditoria contra a corrupção. E se ele disse isso, os repetidore­s… repetem.

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