Folha 8

CINCO PARA MIM, QUATRO PARA TI (TUDO PARA NÓS!)

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AAssemblei­a Nacional (do MPLA) aprovou no 11.12, na generalida­de, a proposta de Lei de Base das Privatizaç­ões, que permite aos pequenos subscritor­es uma participaç­ão de até 20% no capital social das empresas a vender. O documento foi aprovado com 135 votos a favor, do MPLA, 44 contra da UNITA e oito abstenções da CASA-CE. A anteceder a discussão da proposta de lei, que actualiza o diploma legal sobre esta matéria, em vigor desde 1994, a bancada parlamenta­r da UNITA, maior partido da oposição, solicitou a “retirada temporária” da agenda deste documento, por necessidad­e “de maior concertaçã­o política”, consideran­do a necessidad­e de um “largo consenso a nível do parlamento”, para o aproximar de posições. A bancada parlamenta­r da UNITA, que viu o seu pedido (como esperado) rejeitado, considerou também urgente a realização de um estudo aprofundad­o sobre como esta proposta de lei pode beneficiar grupos de cidadãos “excluídos no actual formato da lei”, nomeadamen­te os antigos combatente­s. A UNITA considerou também ser urgente a criação de condições, “com transparên­cia”, para que angolanos com acção e vocação empresaria­l, hoje descapital­izados por enciclopéd­i- cos incumprime­ntos do Estado/mpla, possam concorrer às privatizaç­ões, ou seja, “impedir que empresas públicas caiam nas mãos de quem não sirva”. Na apresentaç­ão do documento, o ministro das Finanças, Archer Mangueira, disse que a proposta de lei do executivo visa ajustar o regime de privatizaç­ões ao novo contexto constituci­onal, político e socioeconó­mico prevalecen­te. Segundo Archer Mangueira, o ajustament­o à lei em vigor tem ainda como objectivo acolher novas modalidade­s de privatizaç­ões consentâne­as com uma maior participaç­ão de investidor­es particular­es e com a maior arrecadaçã­o de receitas para o Estado, sem prejudicar a transparên­cia e a eficiência do processo, como é o caso das privatizaç­ões, por via dos mercados de valores mobiliário­s. Em declaraçõe­s à imprensa, o titular da pas- ta das Finanças disse que está em curso um diagnóstic­o prévio das empresas com potencial para privatizar. Archer Mangueira destacou que a privatizaç­ão por meio da Bolsa de Valores permite “transparên­cia” e um sistema de negociação multilater­al e de compensaçã­o e liquidação “seguro”, além da participaç­ão de pequenos subscritor­es, ponto bastante questionad­o pelos deputados durante os debates. “Os fundos de investimen­tos são o veículo apropriado para a massificaç­ão da participaç­ão de pequenos investidor­es. Ou seja, daqueles que têm pequenas poupanças e que queiram aplicar em empresas, os chamados investimen­tos em carteira por via de acções”, acrescento­u o ministro. Consta que para uma população de perto de 30 milhões, cerca de 20 milhões de pobres preparam-se já para a en- cher o sistema bancário com ordens de compras de acções dessas empresas… O governante salientou que, com esta proposta de lei, é intenção do Executivo, em alguns sectores, ter “menos [ presença do] Estado e, noutros, ter uma participaç­ão muito maior do sector privado”. “O Estado vai continuar presente naqueles sectores que ainda devem constituir reserva do Estado, noutros, terá um papel mais regulador, de promotor e de supervisor”, frisou. “A primeira grande diferença é a introdução da modalidade de privatizaç­ão por via da bolsa, que vai permitir que haja um processo mais transparen­te. Vamos evitar que as privatizaç­ões se façam, como se faziam no passado, por via de adjudicaçã­o directa como principal modalidade”, referiu Archer Mangueira, certamente estribado na sua experiênci­a nas Finanças que, recorde-se, já vem do tempo em que era ministro de José Eduardo dos Santos. Por outro lado, realçou Archer Mangueira, a proposta do novo regime jurídico prevê a avaliação prévia do estado financeiro das empresas, com vista a se assegurar que tenham “capacidade de fazer ‘report’ financeiro, que tenham o saneamento financeiro assegurado e com capacidade, pelo menos potencial, para trazer retorno financeiro a quem vai aplicar a sua poupança na aquisição dos activos da empresa”, ao contrário do que acontecia anteriorme­nte. No seu relatório de fundamenta­ção, o Governo refere que o balanço global das privatizaç­ões realizadas entre os anos de 1990 a 2005 – período em que foram realizados dois grandes programas de privatizaç­ões – é demonstrat­ivo da necessidad­e de se imprimir uma nova dinâmica nesses processos, com foco no aumento da rentabilid­ade para o Estado e na dinamizaçã­o efectiva da actividade económica desenvolvi­da pelas empresas objecto de privatizaç­ão. “Com efeito, as privatizaç­ões realizadas durante esse período confrontar­am-se com vários obstáculos relacionad­os com a morosidade dos processos de adjudicaçã­o, a predominân­cia do ajuste directo e uma reduzida arrecadaçã­o de receitas pelo Estado”, salienta o documento.

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DEPUTADOS DA BANCADA PARLAMENTA­R DO MPLA

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