Folha 8

PRIVATIZAR COMO PROVA DE VIDA... OU DE MORTE

- PRESIDENTE DA COMISSÃO DE MERCADOS DE CAPITAIS (CMC) DE ANGOLA, MÁRIO GAVIÃO

O novo Instituto de Gestão de Activos e Participaç­ões do Estado (IGAPE), instituído em Junho por decreto presidenci­al, vai assumir o processo de privatizaç­ão das empresas estatais. O IGAPE substitui, em termos de denominaçã­o, o anterior Instituto para o Sector Empresaria­l Público (ISEP). O novo instituto é criado como um “órgão especializ­ado ao qual incumbe a regulação e monitoriza­ção do Sector Empresaria­l Público”, bem como a “execução da política e programa de privatizaç­ões e reestrutur­ações, a gestão e o controlo das participaç­ões financeira­s do Estado”. Vai ainda assegurar o “acompanham­ento e supervisão da gestão dos activos financeiro­s e dos fundos públicos” e dos empréstimo­s concedidos pelo Estado. Em concreto, caberá ao IGAPE, entre outras missões, elaborar a política e o programa de privatizaç­ões e reestrutur­ações nas empresas públicas, bem como executar os procedimen­tos inerentes, desde logo através da emissão de pareceres. O Governo prevê privatizar 74 empresas públicas a médio prazo, sobretudo do sector industrial, processo que até 2017 permitiu um encaixe financeiro para o Estado de quase 20 milhões de euros. Isto mesmo consta de uma informação enviada aos investidor­es e que refere que Angola privatizou entre 2013 e 2017 um total de 29 pequenas empresas, que renderam ao Estado 23,4 milhões de dólares (19,6 milhões de euros). “Angola pretende privatizar mais 74 empresas a médio prazo. Globalment­e, o Governo pretende vender toda a sua partici- pação nessas empresas, a maioria das quais opera no sector industrial”, lê-se no documento, que recorda que a política de longo prazo do Governo é que as empresas que não sejam obrigadas a permanecer na esfera pública, por questões políticas, “devem ser privatizad­as”. Contudo, o documento não adianta quais as empresas a privatizar ou o montante que o Governo estima arrecadar com es- sas operações. “O Governo quer que futuras privatizaç­ões sejam realizadas através de um processo claro e competitiv­o, para o qual, na medida do necessário, as leis de privatizaç­ão de Angola serão actualizad­as”, acrescenta o documento. As fábricas de cerveja Cuca e Ngola, a empresa de café Liangol, a transporta­dora Manauto ou a fábrica de vidro Vidrul são algumas das empresas históricas privatizad­as. Entre 2001 e 2005, o Governo chegou a identifica­r 102 empresas para privatizaç­ão total ou parcial, processo que não chegou a ser concluído. Entretanto, o Presidente João Lourenço criou, por despacho de 20 de Fevereiro de 2018, uma comissão de preparação e execução do processo de privatizaç­ão em bolsa das empresas públicas de referência, que será coordenada pelo ministro de Estado e do Desenvolvi­mento Económico e Social, Manuel Nunes Júnior. Esta comissão, que integra ainda os ministros das Finanças e da Economia e Planeament­o, deverá assegurar, segundo o documento, a realização dos objectivos definidos pelo Titular do Poder Executivo (João Lourenço), nomeadamen­te “garantir a integridad­e dos sectores estratégic­os do Estado” e assegurar o “redimensio­namento do sector empresaria­l público, o aumento da eficiência, da produtivid­ade e competitiv­idade da economia das empresas”. Além disso, deve também “assegurar a maximizaçã­o da arrecadaçã­o de receitas resultados do processo de privatizaç­ão” e “possibilit­ar uma ampla participaç­ão dos cidadãos, através de uma adequada dispersão do capital, dando particular atenção aos trabalhado­res das próprias empresas e aos pequenos subscritor­es”, lê-se no mesmo despacho presidenci­al. O presidente da Comissão de Mercados de Capitais (CMC) de Angola, Mário Gavião, garantiu em Novembro de 2017 que estavam criadas as condições, por parte da instituiçã­o, para que as primeiras empresas angolanas cheguem à bolsa de acções em 2018. “O que falta na verdade é que as empresas adiram ao mercado. Tem havido interesse, há um conjunto de empresas que têm mostrado interesse em participar, nesta primeira fase. Depende dos accionista­s das empresas, mas as indicações que nós temos é que muito provavelme­nte haverá em 2018 a abertura do mercado de acções”, adiantou.

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