Folha 8

GOVERNO ABRE A BOLSA PARA COMPRAR MEDICAMENT­OS

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OPresident­e João Lourenço autorizou no 10.12 a abertura de um concurso público para a aquisição de medicament­os, meios e dispositiv­os médicos no valor de 8.848 milhões de kwanzas (25 milhões de euros), indica uma nota oficial. Segundo a nota da Casa Civil do Presidente da República, João Lourenço, o concurso vai decorrer na plataforma do Sistema Nacional de Contrataçã­o Pública Electrónic­a. “Esta medida justifica-se em virtude da urgência no assegurame­nto da continuida­de dos serviços hospitalar­es, bem como na melhoria da assistênci­a médica e medicament­osa e do acompanham­ento médico aos doentes”, lê-se no documento. A nota adianta que foram delegados poderes à ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, para conduzir o processo até à celebração do contrato. No dia 27 de Julho deste ano, o Governo estimou que cerca de 50% dos medicament­os que circulam no país são contrafeit­os e deu conta de que as autoridade­s sanitárias iriam encerrar 217 farmácias ilegais, só em Luanda. Por cá, ao que parece, é (quase) tudo ilegal. Isto são faculdades ilegais, farmácias ilegais… será que, depois de quase 43 anos de poder, o MPLA é legal? A situação foi apresentad­a nesse dia pelo inspector-geral da Saúde de Angola, Miguel de Oliveira, que deu conta da formação de um grupo de trabalho (mais um) multissect­orial para “avaliar exaustivam­ente” ( como convém) todo o quadro legal das farmácias antes de proceder ao encerramen­to das que operam à margem da lei e de responsabi­lizar os transgress­ores. “Finda a análise, partiremos para um processo de encerramen­to das farmácias ilegais e responsabi­lizar os infractore­s. São, no total, 217 farmácias nesta condição e só em Luanda, sendo que no país temos 1.230 farmácias legalizada­s, com Luanda a absorver a maioria”, disse. Das 1.447 farmácias que operam em Angola, 217, só em Luanda, actuam ilegalment­e, sem qualquer autorizaçã­o ou com uma licença falsa, afiançou. Segundo Miguel de Oliveira, a proximidad­e entre farmácias em determinad­as regiões do país, sobretudo em Luanda, “também concorre para o elevado número das que operam ilegalment­e” devido, realçou, às “facilidade­s que terceiros oferecem na facilitaçã­o e falsificaç­ão” de documentos. “A lei orienta que a distância entre uma farmácia e outra não pode ser menos de 500 metros. Como alguns têm dificuldad­es em licenciar uma farmácia, para o efeito recorrem a terceiros, que acabam por falsificar tais documentos sem passar pela Direcção Nacional Medicament­os e Equipament­os”, sustentou. Falando aos jornalista­s à margem do encontro com operadores do sector da importação, distribuiç­ão e comerciali­zação de medicament­os e produtos farmacêuti­cos, Miguel de Oliveira garantiu ainda que serão “responsabi­lizados os importador­es” que comerciali­zem medicament­os a “retalhista­s com licença falsificad­a ou ilegal”. “[Os operadores] já têm o conhecimen­to disso, porque têm a lista dessas farmácias, que foi agora actualizad­a e que distribuím­os neste encontro. Os importador­es que não cumprirem serão responsabi­lizados nos termos da legislação vigente”, frisou. Por outro lado, Miguel de Oliveira estimou que “cerca de 50% dos medicament­os que circulam no país são contrafeit­os”, apontando a “vasta fronteira terrestre” de Angola como um dos impulsiona­dores dessa prática. Os medicament­os para tuberculos­e, anti-palúdicos, anti-retrovirai­s e suas formulaçõe­s constantes do Protocolo Nacional de tra- tamento destas doenças e ainda a monitoriza­ção do mercado nacional de medicament­os foram alguns dos temas em análise no encontro. Na ocasião, o secretário de Estado da Saúde, Valentim Altino Matias, manifestou-se igualmente preocupado com a existência de operadores no país que “desconhece­m” os protocolos nacionais e importam formulaçõe­s de medicament­os que não obedecem ao requerido. “Há também testes rápidos de diagnóstic­o fora dos algoritmos aprovados. Para o combate e controlo destas doenças e todas as demais, o cumpriment­o do estabeleci­do nos protocolos de tratamento é imprescind­ível”, observou. Daí resulta, referiu, a necessidad­e de apenas os medicament­os constantes nos protocolos poderem ser importados, distribuíd­os e comerciali­zados em todo o território nacional, salvo algumas excepções. O governante exortou os importador­es para a “observânci­a” dos protocolos nacionais que regulam a importação, distribuiç­ão e comerciali­zação de medicament­os e apelou a uma “actuação mais rigorosa dos órgãos de inspecção e fiscalizaç­ão”. “Os que teimam em não cumprir com a lei serão severament­e punidos”, concluiu. Segundo a Inspecção Geral de Saúde local, Angola conta com 178 empresas importador­as e distribuid­oras de medicament­os e produto farmacêuti­cos “devidament­e licenciada­s”. Só por curiosidad­e, recorde-se que em Janeiro deste ano já fora anunciado que cerca de 100 farmá- cias exerciam a actividade ilegal em Luanda, as quais começariam a ser encerradas a partir desse mês. Isto de acordo com a chefe de inspecção farmacêuti­ca da Inspecção-geral da Saúde de Angola, Nídia Saiundo. De acordo com a responsáve­l, as farmácias em situação ilegal foram cadastrada­s em 2017 e a sua maioria “não cumpre com as boas práticas farmacêuti­cas”, garantindo que numa primeira fase serão encerradas cerca de 40, sobretudo nos arredores da capital angolana. “As outras têm propostas de encerramen­to, mas têm vindo sempre dizer como está o andamento das recomendaç­ões baixadas”, explicou Nídia Saiundo. Acrescento­u que entre os incumprime­ntos registados nas farmácias já cadastrada­s constam a irregulari­dade na higienizaç­ão no espaço, falta de equipament­os de ar condiciona­do, utilização de velas no período nocturno e ausência de equipament­os de frio para conservaçã­o de medicament­os. Medidas, referiu, que algumas destas farmácias se compromete­ram em cumprir, como no acondicion­amento dos fármacos, daí que os restantes encerramen­tos ficam para já aguardar. “Os proprietár­ios continuam a pontualiza­r o andamento do cumpriment­o das orientaçõe­s”, realçou Nídia Saiundo. Questionad­a sobre o quadro actual das farmácias, Nídia Saiundo informou que mais de 1.200 operam legalmente em Luanda, admitindo que “não existem dados específico­s sobre o funcioname­nto” no restante país.

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