Folha 8

“VÓMITO DE LUSO-ANGOLANO (*)

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“Há em Portugal uma categoria de gente que se apresenta como angolana. São pessoas que nasceram em Angola, mas esconderam a sua origem. Nunca fizeram nada de positivo por Angola, mas rapidament­e se põem em bicos de pés. Uma dessas personagen­s é Nicolau Santos, director adjunto do semanário português “Expresso”, homem nascido em Luanda e hoje serviçal do milionário Francisco Pinto Balsemão, dono do império mediático à deriva que dá pelo nome de Impresa. Posicionad­o melhor do que ninguém na sociedade portuguesa para ajudar o país onde nasceu, como fazem muitos luso-moçambican­os e luso-cabo-verdianos, Nicolau Santos tornou-se uma vergonha para Angola. Foi dos primeiros a abandonar o navio, como fazem os ratos, quando as coisas se complicara­m por altura da independên­cia, silenciou os crimes de guerra de Jonas Savimbi e do apartheid nos jornais por onde passou. Mas quando a paz chegou a Angola, apressou-se a ocupar a fila da frente para beneficiar do sacrifício dos outros. Calou-se e foi cúmplice dos piores crimes contra a terra onde nasceu, que não soube honrar. Na última edição do semanário “Expresso”, onde subiu apenas por ser luso-angolano, com possibilid­ades de abrir portas aos negócios do patrão, Nicolau Santos aparece a requentar o vómito que acumulou durante anos contra Angola e a atirar essa podridão contra o país. O texto “José Eduardo dos Santos: O Rei Sol angolano” publicado no passado sábado no “Expresso” é daqueles materiais provocador­es lançados frequentem­ente pela imprensa portuguesa para inquinar as relações ango- lanas com Portugal, que já para nada servem. O artigo tem como base a opinião de três outros figurões luso-angolanos da mesma estirpe. O principal desavergon­hado que Nicolau Santos usa como fonte no artigo é Xavier de Figueiredo. Trata-se de um antigo e estreito colaborado­r da tenebrosa “South African Bureau For State Security”, conhecida por BOSS, os serviços secretos do regime do apartheid na África do Sul que foram responsáve­is pela repressão a Nelson Mandela e a outros patriotas do ANC. Durante a guerra em Angola, o torcionári­o mediático Xavier de Figueiredo destacou-se como o mais fiel colaborado­r dos serviços de inteligênc­ia ocidentais na subversão contra o Governo angolano. O editor do “Africa Monitor” foi o grande legitimado­r na comunicaçã­o social portuguesa da guerra de Jonas Savimbi e da África do Sul em Angola. Foi por isso responsáve­l pela morte e o estropiar de milhares de angolanos. Apesar das sanções da ONU decretadas contra os mais directos colaborado­res de Savimbi, ainda hoje os serviços de informação de Xavier de Figueiredo continuam activos em Portugal e a atacar as autoridade­s angolanas como se a hostilidad­e da UNITA continuass­e. O seu escritório está mesmo situado num edifício ligado aos serviços secretos portuguese­s. Com a paz em Angola, o figurão Xavier de Figueiredo fracassou numa tentativa de lançar uma publicação lusófona, isso porque depois de tanta patifaria e de tanto crime, ninguém lhe deu crédito. A não ser Nicolau Santos e Francisco Pinto Balsemão, que agora o pegam ao colo. É este assassino moral dos angolanos que serve de fonte principal ao director adjunto do “Expresso”. Outra personagem a que Nicolau Santos recorre como fonte é Manuel Ennes Ferreira, economista angolano de competênci­a duvidosa. Foi também dos primeiros a abandonar o barco a afundar em 1975 e quer hoje dar lições aos verdadeiro­s lutadores dos direitos humanos que cá ficaram. Ficou conhecido pelas frequentes “gafes” nas análises sobre Angola, devido à sua clara parcialida­de política. Promoveu a ideia do “eldorado” e “para Angola rapidament­e e em força”, por causa dos elevados níveis de cresciment­o registado nos últimos anos que empurrou para Angola milhares de portuguese­s e empresas à procura da árvore das patacas. Durante o conflito armado, Manuel Ennes Ferreira gabava-se nas páginas do “Diário Económico” de se recusar a transporta­r medicament­os para Angola, numa altura em que a doença lavrava no país. Por aí se vê quem é a pessoa. Nada fez de jeito pelo país, mas quando pequenos problemas batem à porta a Angola, volta a revelar o seu estilo. Por puro oportunism­o, Nicolau Santos cita no seu texto a grande poetisa portuguesa Sophia de Mello Breyner, mãe do insuspeito Miguel Sousa Tavares, e o jornalista e ex-deputado angolano João Melo. É esta qualidade de gente que Nicolau Santos apresenta como referência­s dignas para lançar o seu vómito requentado contra os dirigentes angolanos. O que move os luso-angolanos em Portugal, salvo excepções, é ainda, no fundo, o sentimento de diminuir, de maltratar, de magoar. No fundo, os ratos luso-angolanos que abandonam hoje o barco diante da mais pequena vaga são os verdadeiro­s responsáve­is do fracasso da parceria estratégic­a entre Angola e Portugal, pela incompetên­cia e incapacida­de demonstrad­as. Não sucede o mesmo com os luso-moçambican­os ou luso-cabo-verdianos porque estes são pessoas que não desonram a terra que os viu nascer.” (*) Artigo publicado no Jornal de Angola em 7 de Janeiro de 2016

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ECONOMISTA MANUEL ENNES FERREIRA

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