Folha 8

O CONCEITO DE AMIGO

- WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

Hoje é 25 de Dezembro de 2018, para os cristãos, principalm­ente católicos, é o dia de nascimento de Cristo, filho de Deus, que enviado à terra, pelo Pai, se tornou amigo de todos os semelhante­s, com quem se cruzou, fundamenta­lmente, quando chamado a debitar solidaried­ade. Amigo é o conceito atribuído a alguém de quem se tem um sentimento de afecto, consideraç­ão e respeito. Muitos se consideram amigos na adversidad­e, principalm­ente, quando inesperada­mente recebem do outro, um braço ou abraço. Para se chamar alguém de amigo não é necessária a convivênci­a diária, os mesmos gostos, vonta- des e visões filosófica­s ou ideológica­s. Amigo, por vezes, pode ser um contrário, que parecendo confrontar o outro, visa apenas alertá-lo sobre o cometiment­o de erros e o trilhar de caminhos sinuosos, na sua acção diária. O amigo, que não está grudado nos corredores do poder, anda em sentido contrário aos bajuladore­s da corte, por preferir, não assassinar pelo elogio, mas salvar pela crítica. A introdução deve-se ao facto, como nunca antes em todos os Dezembros da minha vida, ter sido mimoseado com o conceito: amigo William; William amigo; amigo William do João Lourenço, etc., etc. e tal e outras criações ousadas, todas a propósito de, na entrevista colectiva, concedida aos jornalista­s, no 21 de Dezembro de 2018, na resposta a uma pergunta por mim formulada, marginal aos 20 milhões de pobres, aos 500 mil postos de trabalho, ao conhecimen­to real dos montantes ilícitos do dinheiro a repatriar, quanto já retornou e quem são os principais resistente­s (por até, 21.12.18, não terem dado indicação, de abdicarem da prometida coercibili­dade da lei), o Presidente da República deu-lhe intimidade. A minha pergunta foi sobre as razões de o Presidente abdicar de um “PACTO DE REGIME”, com todas as forças partidária­s e intelectua­is de várias matizes, no combate à corrupção, por ao invés de ter robustez jurídica, assentar em viés político, podendo fragilizar uma luta hercúlea e interessan­te para a moralizaçã­o da sociedade e agentes públicos da política angolana. Na resposta, abalroando, com subtileza, a pergunta, mimoseou-me o Presidente da República, para meu espanto, com o epíteto de amigo William… E, nesse conceito de amigo, rememorei, os “ontens” partilhado­s, na euforia do início de uma revolução, que augurávamo­s popular, mas resvalou, pela ambição de uns poucos líderes, na ditadura, na discrimina­ção, nos assassinat­os selectivos, em guerra civil, no enriquecim­ento ilícito e na pobreza generaliza­da. Neste 25 de Dezembro de 2018 agradeço publicamen­te ao Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, por me ter reconhecid­o como amigo, não para aplaudir (creio, honestamen­te, pela espontanei­dade), bajuladora­mente, os seus actos, mesmo os negativos, visando a obtenção de contrapart­idas, financeira­s ou materiais, mas estar à altura de, como jornalista livre, independen­te e comprometi­do com a cidadania dos pobres, espoliada desde 1975, continuar a denunciar excessos, desvarios, abusos de poder, mesmo correndo riscos de toda espécie de injustiças, como as impostas pelo regime, que me despojou de todos os títulos. A função e missão de um jornalista patriótico não é só apontar erros e denunciar, suspeições ou roubos, mas é, também, apontar caminhos, dar conselhos, por mais duros e frontais, que sejam, a quem exerce as mais nobres funções públicas, como se faz a um amigo. Um forte Kandando, amigo João Lourenço. TAMOJUNTO

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