Folha 8

SEPARAÇÃO OU ACUMULAÇÃO DE PODERES

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O princípio da separação de poderes entre o Executivo, Legislativ­o e Judicial foi referido pelo Presidente da República, João Lourenço, como marco que não se pretende violar. Mais uma vez o Presidente acertou na muche. Só falta saber, e a explicação será dada com certeza daqui a um ano na próxima entrevista colectiva, como é possível separar um marco que faz parte da identidade, do ADN, do MPLA. É que não existe essa separação de poderes. Em todos os sectores (Executivo, Legislativ­o e Judicial) quem manda e mais ordena é o MPLA, e que manda no MPLA é o seu Presidente, por sinal também Presidente da República e Titular do Poder Executivo. João Lourenço admite que é preciso reduzir a monstruosa máquina do Estado, mas sugere que ela deve ser feita por fases. Deu, aliás, um paradigmát­ico exemplo que só por si merecia um Nobel pelo esforço feito. Então é que conseguiu reduzir a composição do Executivo, passando dos 35 ministros anteriores para menos de 30? É obra. Assim se vê que tudo irá continuar na mesma, transferin­do algumas “moscas” mas mantendo o essencial do seu meio ambiente. “Nada pode ser feito de forma brusca, sob pena de se resolver um problema e se abrirem dois outros”, realçou o Presidente da República, fazendo uso da sua sábia e messiânica capacidade de liderança. Por outras palavras, vamos tentar novamente pôr o motor (gripado) a funcionar, desta vez usando um rádio de pilhas… De uma forma geral, o Presidente esteve igual a si próprio, debitando lugares-comuns, verdades de La Palice. A criação de um bom ambiente de negócios, para que as empresas funcionem e criem bens e serviços, consta dentre as acções do Executivo para o aumento da oferta de emprego no país, afirmou no dia 21, em Luanda, o Presidente da República, João Lourenço. De acordo com o Chefe do Estado, a diversific­ação da economia, significa também aumentar a oferta de trabalho, para beneficiar, principalm­ente, a juventude, sendo que o programa de governação do MPLA tem duração de cinco anos. João Lourenço afirmou que, num espaço de um ano, em função da importânci­a que o Executivo dá ao sector social, se aumentou a fatia do Orçamento Geral do Estado de 3.6 por cento, em 2018, para 6.6 por cento para o OGE de 2019. De acordo com o Chefe de Estado, há seis meses, os hospitais Josina Machel, Pediátrico de Luanda, Geral de Luanda e Américo Boavida estão em condições de responder à demanda dos pacientes em termos de medicament­os. O Presidente da República, como atrás nos referimos, respondeu, não respondend­o, à pergunta do Folha 8 sobre a necessidad­e de um pacto de regime para a questão do combate à corrupção e para o repatriame­nto de capitais. A primeira destas “entrevista­s colectivas”, em Janeiro, passou a ser considerad­a com um marco na história de Angola. É verdade que a decisão contrastou com a praticamen­te ausência de entrevista­s concedidas pelo anterior chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, que esteve 38 anos no poder. Mas também contrastar­ia se fosse feita apenas uma por mandato ou por década.

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