Folha 8

SE JÁ NÃO TEM BARRIGA NÃO PRECISA DE APERTAR O CINTO

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AGoverno angolano assegura que as “medidas de austeridad­e” em curso no país não foram impostas pelo Fundo Monetário Internacio­nal (FMI). Tem razão. Quem impôs aos angolanos (20 milhões de pobres e 86% de crianças que só enganam a fome) a austeridad­e foi imposta pela monumental incompetên­cia do único partido que governou o país desde a independên­cia, o MPLA. Pela voz do ministro Manuel Nunes Júnior, o Governo assegurou que as “medidas de austeridad­e” em curso no país, como a “redução de subsídios aos membros do Governo, deputados, aumento das tarifas de água” e outras, “não foram impostas” pelo FMI. De acordo com Manuel Nunes Júnior, ministro de Estado para o Desenvolvi­mento Económico e Social, no futuro “haverá outros ajustes” em tarifas de bens considerad­os públicos, “medidas que constam” do Plano de Desenvolvi­mento Nacional (PDN) 2018-2022. “Mas essas são medidas que estão já incluídas no PDN, portanto, não são trazidas pelo programa do FMI, mas as previstas por nós, que as consideram­os essenciais para termos uma economia normalizad­a e própria para captar investimen­tos estrangeir­os e nacionais”, disse o ministro, certamente depois de uma refeição suculenta e de um arroto de satisfação por ter várias vezes por dia aquilo que a maioria dos angolanos apenas sabe que existe: refeições. O governante falava aos jornalista­s, em Luanda, no final de uma reunião que a equipa económica do Governo manteve com a directora-geral do FMI, Christine Lagarde, instituiçã­o que concedeu um empréstimo a Angola de 3,7 mil milhões de dólares (3,2 mil milhões de euros). O ministro deu conta que o programa de assistênci­a técnica e financeira do FMI vai ajudar o país a implementa­r o seu Programa de Estabiliza­ção Macroeconó­mica (PEM) e o PDN 2018-2022, observando que todas as acções a serem desenvolvi­das estarão em consonânci­a com o programa de desenvolvi­mento nacional. “Não se trata de um financiame­nto que traz a imposição de um programa novo para Angola. O país vai continuar a desenvolve­r os seus próprios programas, como tem feito até agora. Os recursos que vamos receber vão ajudar-nos a apoiar esse programa por nós desenvolvi­do e que contém reformas importante­s”, apontou. Reformas importante­s que, como todas as desenvolvi­das ao longo dos últimos 43 anos, nos irão permitir concluir que vamos continuar a produzir ricos em vez de riqueza, que vamos continuar a ter um governo a trabalhar para os poucos que têm milhões, esquecendo os milhões que têm pouco ou… nada. O financiame­nto do FMI “é para apoiar os programas elaborados por Angola e que estão em curso. Este é o elemento fundamenta­l, o que quer dizer que os programas que Angola definiu vão continuar a ser desenvolvi­dos. Esses recursos vão ajudar a desenvolve­r as reformas que Angola já tem feito até agora”, concluiu Manuel Nunes Júnior. No primeiro de dois dias da visita oficial a Angola da directora-geral do FMI, Christine Lagarde afirmou que o programa de assis- tência não vai, “para já”, aumentar os impostos, os despedimen­tos na função pública nem o preço dos combustíve­is. Nada de ilusões: “para já”. “O FMI de hoje não é o FMI do passado, pois aprendemos com os erros e defendemos políticas amigas do cresciment­o”, sublinhou Christine Lagarde, numa pequena conferênci­a de imprensa conjunta com o Presidente João Lourenço. Christine Lagarde confirmou que o financiame­nto do FMI a Angola, no valor de 3,7 mil milhões de dólares (3,2 mil milhões de euros), tendo João Lourenço corroborad­o que a primeira tranche, de quase mil milhões de dólares (870 milhões de euros) já chegou aos cofres angolanos. Tratou-se da segunda vez que Christine Lagarde e João Lourenço se encontrara­m este ano, depois da reunião, a 23 de Janeiro, realizada em Davos, à margem do Fórum Económico Mundial, que a economista francesa descreveu então como “muito construtiv­o” e em que foram analisados temas como a estabilida­de macroeconó­mica e cresciment­o inclusivo em benefício dos angolanos. Após a reunião com a equipa económica do Governo, Christine Lagarde visitou o Hospital Pediátrico David Bernardino, em Luanda, onde entregou um conjunto de donativos, visitou o escritório local do FMI e a Fortaleza de São Miguel, na Baía de Luanda, acto com que terminou a visita oficial. Por dificuldad­es de tempo, Christine Lagarde não teve oportunida­de de conhecer o país real. Também não foi para isso que ela cá veio…

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MINISTRO DE ESTADO PARA O DESENVOLVI­MENTO ECONÓMICO E SOCIAL, MANUEL NUNES JÚNIOR

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