O COMPROMISSO DE HONRA DO NOVO MPLA I
Angola é um país de contrastes, onde a opulência e a pobreza coabitam entre bolhas de champanhe, de festas organizadas no seio da elite cortesã do Palácio da Cidade Alta, e restos de comida arrancada dos contentores e sorvidos com avidez por esfomeados que ainda não morreram, servindo assim de meio de subsistência a uma esmagadora maioria de pseudo-cidadãos. As bolhas de champanhe para umas centenas de mil pessoas, os restos de comida para quase 20 milhões de angolanos. Em Angola, diziam as vozes do regime, amplamente propagadas pela intelligentsia ao serviço do ex-presidente da República (JES), as desigualdades sociais são uma cabala montada contra o Estado/mpla e a culpa, dizia-se então, não era do presidente nem do MPLA, mas do colono português ou… ou de Deus. O problema é que as riquezas de Angola, que deveriam ser distribuídas como previsto desde a Dipanda, segundo os preceitos de um marxismo-leninismo a desfazer-se aos bocados, não foi levada a cabo, e a distribuição só teve cabimento nos sacos azuis das elites do actual ex-marxista e agora capitalista ultra liberal MPLA e Cia Ld.ª, em torno dos quais se foi perfilando uma bicha monumental de abutres. Quanto ao que toca à justiça, o problema é que as injustiças em Angola deixaram de ser injustiças. Factos absurdos como, gente que fica encarcerada durante dois anos por roubar limões, por atropelar um suicida ou estacionar a sua viatura diante de uma fachada de um general do regime, tornaram-se banais “faits-divers” sem pertinência alguma. Por outra, libertar autênticos assassinos, esquecer de levar à justiça casos gravíssimos de atropelamento de leis ou de burla declarada, disso nem vale a pena falar, a não ser para determinar a origem familiar do prevaricador, uma vez que a lei angolana é tão elástica que já nem é possível determinar quem pode ou não pode ser prevaricador. Se for da “banda”, do MPLA ou do Palácio, mesmo que mate friamente a olho-nu diante testemunhas, nunca poderá ser considerado culpado Depois temos o peculato, a corrupção e a fome que ameaçam centenas de milhares de pessoas no nosso país. E aí, ai Jesus!, levanta-se agora a voz de um “Salvador”, JLO, a fazer lembrar que o combate a tudo isso é um compromisso de honra do MPLA.