O COMPROMISSO DE HONRA DO NOVO MPLA II
Pelas provas dadas até esta data desde que tomou o poder, o presidente João Lourenço merece mais do que o benefício da dúvida. Mostra-se digno de reconhecimento pelo que já fez, tanto mais que o combate à fome e à pobreza e, sobretudo, às suas fontes, peculato, corrupção e “cabritismo”, pelo miserável legado que nos foi deixado pelo “antigo” regime Estado/mpla, depara-se actualmente em oposição a um cenário grandioso de decisões e actos em favor dos ricos, a começar pela construção dos condomínios, com o fracasso total da negociata do Kilamba imaginada pelo dueto Jes/falcone, com a destruição de milhares de casas pertencentes às camadas mais baixas da hierarquia social - sobretudo nas terras da Huíla, mas também em Benguela e em Luanda - e com o esbanjamento de biliões de dólares em negociatas da jet-set angolana com Isabel e Zenu dos Santos na pole position da gestão de biliões de dólares, com os bancos a proliferar em número e a roubar (é o termo exacto) cada vez mais, dá a impressão de que o legado se resume a uma delirante luta em favor da riqueza Ao mesmo tempo que esta dramática palhaçada capitalista liberal se desenvolveu perante o olhar enternecido do Papá Zédu, seguem-se uns atrás dos outros os desaparecimentos, por súbito sumiço ou assassinato de gente renitente, adversária assumida do regime. Por outro lado, em Angola não há desemprego, só há desempregados. Estes últimos contam-se aos milhões, mas as estatísticas dizem que o desemprego está a diminuir, e isso a acontecer enquanto iam chegando a Angola milhares, dezenas de milhares de chineses, brasileiros, portugueses e outros europeus com uma mão à frente dispostos a ajudar Angola a enriquecê-los. Se juntarmos a esta descrição de atentados aos direitos do povo angolano, todo o desprezo das elites Jesianas pelo restante povo, avaliado em cerca de 20 milhões de pessoas, se considerarmos que esse desprezo, perante os ataques frontais de que é alvo pela administração capitaneada por JLO tenderá inevitavelmente a transformar-se em ódio, que podemos nós, angolanos sem poder algum, esperar da nova politica de Estado? Essa é a questão. Estamos em crer que ela será apenas um contributo exemplar do programa de combate, não contra a pobreza, não à pobreza, mas a promoção do desenvolvimento saudável da pobreza – com tal política cada vez haverá mais mecenas, mais fundos sem fundo, tipo Besa, Lwini, S. Esperança…a promover a ideia que a pobreza não é uma tara nem uma fatalidade da sociedade. Vamos arejá-la, dar-lhe vivência sã! Ademais, tudo o que acabamos de escrever é brincadeira em comparação com o que queríamos transmitir como mensagem: Angola tende a transformar-se em um autêntico barril de pólvora e o drama é que ninguém se dá conta disso.