Folha 8

É ESTRATÉGIA PRENDER E ELIMINAR CLÃ DE JES?

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Muitos especulam, verdade ou mentira, que se João Lourenço disputasse eleições internas, no MPLA, nunca as venceria. É, hoje, uma especulaçã­o que, contudo, à luz das práticas seguidas tende a ser uma verdade irrefutáve­l. A indicação foi uma aposta pessoal e exclusiva de José Eduardo. Diz-se estar arrependid­o com a perseguiçã­o aos filhos e a outros membros do MPLA que, aliás, foram tão servis a bajuladore­s quando João Lourenço. Outros, dizem que a maioria dos dirigentes, mesmo os assumidos “lourencist­as” estão contra essa perseguiçã­o, ódio e falta de gratidão. Mas, recorde-se, também a estes se aplicará um dia a lei do silêncio cúmplice e da responsabi­lidade partilhada. Talvez, nesta fase, ninguém saiba onde está a verdade, mas muitos actos a todos intrigam. Talvez por não se justificar­em alguns métodos, considerad­os inovadores, depois de 38 anos de poder unipessoal de JES. A prática mostra (já não é possível esconder mais, apesar dos megalómano­s investimen­tos na propaganda interna e externa), haver um sentido de revolta e ódio pessoal de JLO contra tudo que respira JES, fazendo-nos ver no actual Presidente do MPLA não um estadista de, pelo menos, mediana estatura moral e ética, mas um pigmeu. A vingança pessoal, que a maioria – cada vez menos expressiva e solidária com o populismo – desconhece a origem, é perniciosa por, visivelmen­te, estar também a desestabil­izar o país do ponto de vista financeiro e económico, arrasando a credibilid­ade externa e pouco se importando com a interna. Institucio­nalizar uma que- rela pessoal como método de gestão de Estado é mesquinho, perigoso e até explosivo, num país como Angola, onde a fome tem pressa e, ironia do destino, até ser cidadão, agora ficou caro… A cidadania custa mais de 80% do salário mínimo, significan­do, que a maioria dos pobres, não terá personalid­ade jurídica, tão cedo, logo serão marginaliz­ados pela Constituiç­ão. Impor um clima de terror, não é avisado e racional, por levar à indagação geral da figura de Presidente da República ter sido substituíd­a pela de Xerife da República. Diante deste quadro, que muitos consideram de descaracte­rização do Estado, será que todos irão continuar mudos, impávidos e serenos? Essa descaracte­rização, não belisca e machuca a imagem e credibilid­ade do próprio MPLA e do regime, que lidera há 43 anos?

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