Folha 8

UNITA PREGA NO DESERTO E O MPLA RI DOS MATUMBOS

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AUNITA vai propor a quatro grupos parlamenta­res a subscrição do documento a remeter ao Tribunal Constituci­onal, com vista a que em Angola passe a existir aquilo que é banal, que é elementar, em qualquer Estado de Direito: transparên­cia, fim da impunidade e uma acção fiscalizad­ora da Assembleia Nacional à actividade do Governo. O líder parlamenta­r da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, pretende saber quem se posiciona contra direitos constituci­onais e restrições à acção das instituiçõ­es com um pedido de apreciação do acórdão que proíbe a Assembleia Nacional de fiscalizar os actos do Executivo. A informação foi no dia 30.01 avançada em Luanda pelo líder do grupo parlamenta­r da UNITA, Adalberto Costa Júnior, em conferênci­a de imprensa centraliza­da na questão da fiscalizaç­ão da governação pelo Parlamento angolano. A UNITA esquece-se que, de facto, em Angola o regime não é de partido único mas continua a ser de um único partido, o MPLA, tal como acontece desde 1975. Por isso não adianta pensar-se em regras democrátic­as. Não adianta querer alimentar o jacaré com tofu ou seitan. Ele gosta mesmo é de carne. Adalberto Costa Júnior disse que a sua bancada parlamenta­r vai propor a cada deputado dos grupos parlamenta­res do MPLA, CASA-CE, PRS e FNLA a subscrição do documento a remeter ao Tribunal Constituci­onal. Digamos que, em tese, a estratégia é boa. No entanto, como estamos em Angola, é como tentar pescar bagres com um anzol de plasticina. “Com este acto vamos verificar quem é que de facto abraça a transparên­cia, a luta contra impunidade, a acção fiscalizad­ora da Assembleia Nacional e quem, ao contrário, se posiciona contra direitos constituci­onais e restrições à acção das instituiçõ­es”, referiu Adalberto da Costa Júnior. Em causa está o acórdão 319 do Tribunal Constituci­onal, de 9 de Outubro de 2013, que declarou inconstitu­cionais quatro artigos do Regimento da Assembleia Nacional, em vigor na altura, proibindo a Assembleia Nacional de fiscalizar os actos de governação do executivo. Segundo Adalberto Costa Júnior, no mesmo ano do referido acórdão, 22 deputados do grupo parlamenta­r do MPLA escreveram ao Tribunal Constituci­onal, requerendo a verificaçã­o da constituci­onalidade de um conjunto de artigos da Lei Orgânica que Aprova o Regimento da Assembleia Nacional, tendo decidido favoravelm­ente à petição. O dirigente da UNITA lembrou que, desde aquela altura, a Assembleia Nacional passou a impedir a realização de Comissões Parlamenta­res de Inquérito (CPI), bem como de iniciativa­s parlamenta­res de fiscalizaç­ão à governação, “sob o pretexto de que careceriam de prévia autorizaçã­o do titular do poder executivo, o Presidente da República”. O deputado referiu que, com esta situação, a UNITA viu sem resposta ou impedidos requerimen­tos dirigidos à Assembleia Nacional para a abertura de CPI ao Banco Espírito Santo Angola (BESA), à Sonangol, ao Fundo Soberano de Angola e à Dívida Pública. Nesse sentido, sob orientação da direcção da UNITA, o grupo parlamenta­r tem prontas para remeter de imediato à Assembleia Nacional a realização de comissões parlamenta­res de inquéri- to ao antigo BESA e sobre a gestão da Sonangol, e “cada vez mais urgente e necessária” ao Fundo Soberano e à Dívida Pública. Para o grupo parlamenta­r do maior partido da oposição que o MPLA tolera, a fundamenta­ção para estas comissões “continuam muito actuais e na ordem do dia”, tendo em conta o processo de repatriame­nto de capitais, a acção da Procurador­ia-geral da República e do Tribunal de Contas. Adalberto da Costa Júnior garante que continuam a ser matérias “relevantes e de interesse nacional, envolvendo actores políticos e actores institucio­nais actuais, cujos actos continuam por clarificar e com graves consequênc­ias sobre a situação de crise acentuada que o país vive”.

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LÍDER PARLAMENTA­R DA UNITA, ADALBERTO DA COSTA JÚNIOR

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