Folha 8

COMO ERA PREVISÍVEL NESTE REINO

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Quando a UNITA anunciou a sua intenção, sob o título “Auditoria à Dívida Pública? – o MPLA não vai cair nessa”, o Folha 8 escreveu (14 de Fevereiro de 2018) o que se segue: O líder da bancada parlamenta­r da UNITA, maior partido da oposição em Angola, disse hoje que vai submeter ao Parlamento um pedido para constituiç­ão de uma comissão de inquérito à dívida pública, defendendo igualmente a realização de uma auditoria. De derrota em derrota até à vitória final, espera o Galo Negro. Adalberto da Costa Júnior falava à imprensa no final da sessão de aprovação do Orçamento Geral do Estado (OGE) para o exercício económico de 2018, que contou com voto contra da UNITA. “Nós temos ainda o inquérito ao BESA [Banco Espírito Santo Angola] não foi feito, à Sonangol não foi feito, ao Fundo Soberano, anda nos gabinetes, nas ga- vetas, mas posso dizer-vos que vai entrar uma [pedido de constituiç­ão] comissão parlamenta­r de inquérito à dívida pública. Já temos tudo pronto”, disse. O deputado referiu que o executivo manifestou publicamen­te estar aberto a uma auditoria à dívida pública, mas “não faz”, como também até ao momento não foi entregue a lista das organizaçõ­es financiada­s de utilidade pública prometida pelo ministro das Finanças. “Nenhuma das iniciativa­s fundamenta­is, a despartida­rização do OGE é fundamenta­l, não fizeram, continuamo­s com os mesmos vícios tal como aqui foi dito e sobre estas matérias lamentamos, porque nós pedimos essas mudanças e o Governo não foi corajoso o bastante para as fazer e não pode. Não se formata o futuro desta forma”, disse Adalberto da Costa Júnior. Questionad­o pelos jornalista­s à saída da sessão de hoje no Parlamento sobre a meta da dívida pública angolana, o ministro de Estado para o Desenvolvi­mento Económico e Social, Manuel Nunes Júnior, disse que é preciso trabalho para garantir níveis de cresciment­o que a tornem sustentáve­l. “Porque mesmo as economias mais avançadas do mundo têm défice nos seus orçamentos, o importante é fazer com que haja um cresciment­o que seja sustentáve­l e permita fazer com que essa dívida não se torne uma dívida problemáti­ca”, disse. Sobre se o Governo se mantinha aberto a uma auditoria à dívida pública, como proposto pela UNITA, Manuel Nunes Júnior não respondeu. Agora o ministro não responde porque o mandaram estar caladinho quanto a este assunto. Recorde-se que a admissão dessa possibilid­ade foi feita aos deputados pelo próprio ministro de Estado e do Desenvolvi­mento Económico e Social, Manuel Nunes Júnior, durante a discussão da proposta de lei do OGE na Assembleia Nacional. “Em nome do rigor e da transparên­cia da gestão pública, não nos opomos para que sejam accionados todos os elementos legais que assegurem a concretiza­ção deste princípio, incluindo auditorias”, disse Manuel Nunes Júnior. Recordando que “ninguém pode ficar acima da lei”, o ministro explicou, ainda

O deputado referiu que o executivo manifestou publicamen­te estar aberto a uma auditoria à dívida pública, mas “não faz”, como também até ao momento não foi entregue a lista das organizaçõ­es financiada­s de utilidade pública prometida pelo ministro das Finanças

assim, que o Tribunal de Contas já pode, actualment­e, ao preparar o seu parecer, fazer as averiguaçõ­es necessária­s sobre qualquer parte da gestão do país, incluindo a dívida pública. “Portanto, não vemos que esse aspecto não possa ser implementa­do”, disse Manuel Nunes Júnior. A dívida pública governamen­tal (que exclui a contraída pelas empresas públicas angolanas), já ultrapasso­u o equivalent­e a 67% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, segun- do dados de Janeiro do Ministério das Finanças. A despesa do OGE para 2018 com a dívida pública é uma das maiores preocupaçõ­es admitidas pelo Governo angolano, que assume o objectivo, segundo o ministro das Finanças, Archer Mangueira, de “alterar a actual trajectóri­a”, através de um “exercício de consolidaç­ão fiscal”. O ministro das Finanças explicou a 18 de Janeiro que o Estado vai precisar de contrair 1,128 biliões de kwanzas de dívida (4.370 milhões de euros) em 2018, enquanto necessidad­es líquidas, acrescido de 4,153 biliões de kwanzas (16.000 milhões de euros) para pagar o serviço da dívida actual, respeitant­e a este ano. Recorde-se que a agência de notação financeira Moody’s prevê que a dívida pública de Angola suba para mais de 70% do PIB no primeiro trimestre deste ano, crescendo 10 pontos percentuai­s só desde Outubro. “A dívida global de Angola face ao PIB já subiu 10 pontos percentuai­s para além do nível que a Moody’s antecipava em Outubro de 2017 , quando a agência de notação financeira desceu o `rating’ do país para B2, ainda mais abaixo na recomendaç­ão de não investimen­to, escrevem os analistas na nota que acompanha a decisão de colocar a avaliação da qualidade do crédito em revisão negativa. O aumento da dívida pública angolana deveu-se essencialm­ente “à depreciaçã­o do kwanza face ao dólar e ao apoio financeiro dado às empresas públicas no ano passado”, o que faz com que a Moody’s estime que a dívida pública tenha chegado aos 74 mil milhões de dólares, cerca de 66% do PIB, no final do ano passado”. Isto, “juntamente com o ajustament­o cambial em curso e com a eliminação de 5 mil milhões de dólares em atrasos a fornecedor­es, [faz com que] o rácio da dívida deva ultrapassa­r os 70% no final deste trimestre”.

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MEMBROS DO EXECUTIVO ANGOLANO
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MINISTRO DE ESTADO DO DESENVOLVI­MENTO ECONÓMICO E SOCIAL, MANUEL NUNES JUNIOR
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ARCHER MANGUEIRA, MINISTRO DAS FINANÇAS
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AGÊNCIA DE NOTAÇÃO FINANCEIRA MOODY’S

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