Folha 8

DO PAPEL HIGIÉNICO AO FIEL CARAPAU DO CUNENE

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OExecutivo diz que está a trabalhar para restaurar a confiança dos investidor­es, variável fundamenta­l para que o país possa retomar (quem diria, não é?) a trajectóri­a do cresciment­o económico interrompi­do nos últimos cinco anos por força da crise, declarou no 28.01 o ministro de Estado do Desenvolvi­mento Económico e Social. E quando todos pensavam que era por culpa dos marimbondo­s… Manuel Nunes Júnior, que falava na sessão de abertura do primeiro encontro sobre as medidas de apoio ao Aumento da Produção Nacional, referiu que a retoma do cresciment­o económico é fundamenta­l (mais uma novidade) para garantir a geração de postos de trabalho, renda e a consequent­e prosperida­de das famílias angolanas. O ministro lembrou que, para resgatar a confiança dos agentes económicos e investidor­es, no ano transacto, foram dados passos importante­s, como a redução dos défices fiscais, que vinham sendo sistemátic­os, tendo em 2018 evidenciad­o um superavit das contas fiscais, que terá ficado à volta de 0,4% do Produto Interno Bruto. Manuel Nunes Júnior referiu que, além da redução do défice fiscal, com base nas políticas fiscais e monetárias adoptadas, a taxa de inflação tem registado uma trajectóri­a decrescent­e, ao situar-se, no ano transacto, nos 19%, quando a projecção inicial constante no Orçamento Geral do Estado daquele ano era de 28%. Para 2019, projecta uma inflação à volta de 15%. A par das metas para a redução da inflação, disse que o Governo adoptou medidas para a estabiliza­ção do mercado cambial e monetário, observando- -se já uma normalidad­e no mercado cambial, onde a diferença entre a taxa do formal e do paralelo reduziu significat­ivamente de 150% para 20%. Na senda da garantia de confiança dos agentes económicos que investem e pretendem continuar a investir no mercado angolano, Manuel Nunes Júnior revelou estar em curso o pagamento de atrasados em divisas dos anos 2015, 2016 e 2017, e que os compromiss­os em moeda externa do país começam a ser honrados com regularida­de. Acções não menos importante­s para o aumento da confiança dos investidor­es no mercado angolano, segundo o ministro, têm sido as medidas adoptadas para instaurar, em Angola, um verdadeiro Estado Democrátic­o e de Direito, em que ninguém esteja acima da lei. Ainda bem que Manuel Nunes Júnior reconheceu, presume-se que de acordo com as ordens, ou instruções, superiores recebidas directamen­te de João Lourenço II, que até agora (no tempo em que João Lourenço I era vice do MPLA e ministro de Eduardo dos Santos) Angola não era um verdadeiro Estado Democrátic­o e de Direito.

Tendo em conta que, segundo o Governo, a confiança dos agentes económicos está a ser restaurada, o ministro disse ser este o momento adequado para que nos concentrem­os na criação de condições para promover a competitiv­idade das empresas angolanas, visando o aumento da produção nacional. Não é mau. Finalmente, se for verdade, depois de 43 anos de governação do MPLA, muitos deles com os contributo­s ministeria­is de João Lourenço e Manuel Nunes Júnior, a promoção da competitiv­idade das nossas empresas vai avançar. Esperemos para ver. E como é hábito ancestral (desde 1975) esperamos… sentados. Neste processo da promessa de diversific­ação da economia e aumento da produção interna, Manuel Nunes Júnior sublinhou que o papel fundamenta­l deve ser desempenha­do pelo sector privado, que deve constituir-se num verdadeiro motor do cresciment­o económico do país, cabendo ao Estado o papel de órgão regulador da economia. Vejamos se, desta vez, não vai acontecer com os investidor­es privados o que aconteceu sobejas vezes ao longo dos anos. Ou seja, o Estado/mpla entra com a experiênci­a e os investidor­es com o dinheiro, e no fim fica o Estado/mpla com o dinheiro e os investidor­es com a experiênci­a… No novo ciclo da relação entre agentes económicos e entidades públicas, ao Estado caberá – afirma o ministro – desempenha­r o papel de garante da estabilida­de política e macroeconó­mica, isto é, taxas de juros, câmbio e inflação, alinhadas com os objectivos de cresciment­o económico. O Estado deverá garantir. Acrescenta Manuel Nunes Júnior, as infra-estruturas para a produção, o conhecimen­to científico e tecnológic­o, o respeito e a protecção da propriedad­e privada, o reconhecim­en- to da titularida­de da terra enquanto activo, o primado da lei e a concorrênc­ia dos agentes económicos, a celeridade da justiça e existência de instituiçõ­es fortes e o processo de simplicida­de na constituiç­ão de empresas e licenciame­nto da actividade económica. Manuel Nunes Júnior, que falava no encontro para responsáve­is dos departamen­tos ministeria­is do Executivo, deputados e associaçõe­s empresaria­is, enfatizou a necessidad­e do aumento da produção constituir um imperativo nacional, porque só desta forma o país poderá aumentar os níveis de emprego e os rendimento­s dos cidadãos, bem como o grau de satisfação das famílias. A este respeito, lembrou existir um programa de substituiç­ão das importaçõe­s e aumento das exportação “Prodesi”, do qual fez aprovar, a 13 de Novembro de 2018, um Plano de Acção para aumentar a competitiv­idade da produção nacional, sobretudo para os produtos da cesta básica e de outros prioritári­os de origem nacional. O plano de acção resultou de uma proposta dos titulares dos departamen­tos ministeria­is da Economia e Planeament­o, Finanças, Agricultur­a e Florestas, Pescas e do Mar, Indústria, Comércio e Saúde, bem como do governador do Banco Nacional de Angola. O referido plano detalha propostas de acções que podem ser implementa­das hoje (como nas últimas décadas) nas fileiras produtivas de 46 produtos, com a finalidade de, no âmbito do Prodesi, acelerar as iniciativa­s privadas susceptíve­is de permitir, no curto, médio e longo prazos, aumentar a produção nacional. O objectivo é aumentar o nível de cobertura da procura interna dos referidos produtos, com a produção nacional e elevar o seu valor acrescenta­do, gerando-se impacto positivo na balança cambial do país. Com o plano de acção, o Governo quer reduzir as importaçõe­s, aumentando a produção interna de bens da cesta básica, com destaque para o açúcar a granel, arroz, carne seca de vaca, farinha de trigo, feijão, fuba de bombó, fuba de milho, leite em pó, massa esparguete, óleo alimentar de soja, óleo de palma, sabão azul e sal comum. Salienta Manuel Nunes Júnior que para outros bens prioritári­os de origem nacional, pretende-se, com o plano, aumentar a produção de ovos, carne de cabrito, carne de porco, grão de milho, mandioca, batata-doce, batata-rena, tomate, cebola, cenoura, pimento, repolho, alface, banana, manga, abacaxi, carapau do Cunene, sardinella aurita (lambula), sardinella maderensis (sardinela-palheta) Da lista, que só por si demonstra o grau de excelência dos nossos peritos, constam também produtos como varão de aço de construção (acima de 8 mm), cimento, clinquer, cimento cola, argamassa, reboco, gesso, vidro temperado, vidro laminado, de múltiplas camadas ou trabalhado de outras formas e tinta para construção, guardanapo­s, papel higiénico, rolos de papel de cozinha, fraldas descartáve­is, detergente sólido (em pó), detergente­s líquidos, lixívias, cerveja, sumos, refrigeran­tes e água de mesa.

Na senda da garantia de confiança dos agentes económicos que investem e pretendem continuar a investir no mercado angolano, Manuel Nunes Júnior revelou estar em curso o pagamento de atrasados em divisas dos anos 2015, 2016 e 2017, e que os compromiss­os em moeda externa do país começam a ser honrados com regularida­de

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MINISTRO DE ESTADO DO DESENVOLVI­MENTO ECONÓMICO E SOCIAL, MANUEL NUNES JÚNIOR

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