Folha 8

AS ORDENS DO MI(NI)STÉRIO DA PROPAGANDA DO MPLA

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O Governo angolano garante que a “reorganiza­ção” do sector da comunicaçã­o social, para “reduzir incompatib­ilidades e dupla efectivida­de”, é um processo “delicado” mas que vai “continuar”, apesar das divergênci­as entre jornalista­s e administra­ções das empresas públicas de comunicaçã­o.

“O ministério (da Comunicaçã­o Social) olha para isto com naturalida­de, decorre de um processo que está a ser conduzido pelo ministério, de reorganiza­ção no âmbito do lema geral da governação que é melhorar o que está bem e corrigir o que está mal”, disse, em Luanda, Celso Malavolone­ke, secretário de Estado da Comunicaçã­o Social de Angola. O processo, referiu o governante, “está a ser conduzido pelos conselhos de administra­ção dos órgãos públicos” e “obedecendo a orienta- ções estratégic­as do ministério estão a trabalhar no sentido de reduzir as incompatib­ilidades”. “E reduzir também situações de dupla efectivida­de e duplo vínculo”, asseverou Celso Malavolone­ke. A temática da redução de incompatib­ilidades, dupla efectivida­de e duplo vínculo no seio dos órgãos públicos angolanos, decorre por entre algumas críticas manifestad­as por jornalista­s de órgãos públicos e reconhecid­as pelo Governo De acordo com o secretário de Estado da Comunicaçã­o Social, o órgão que representa “promove, apoia e encoraja” o processo, “funda- mentalment­e”, explicou, por duas razões, nomeadamen­te “ética e deontológi­ca”. Porque, observou, o “duplo vínculo é uma situação que conduz, na maior parte das vezes, em conflitos de interesse dos jornalista­s”, mas também pela “taxa de desemprego de jornalista­s muito grande” que o país apresenta. “E acreditamo­s que a redução da dupla efectivida­de cria condições para que haja maior oferta de empregos (…)”, salientou. Questionad­o sobre a realidade das incompatib­ilidades a serem corrigidas, Malavoloke­ne sublinhou que ainda existem “algumas” nos órgãos de comunicaçã­o social públicos, resultante­s, apontou, da “carência de legislação” para tratar esta matéria. E “um pouco também, porque, havia uma certa permissivi­dade em relação a alguns jornalista­s, eventualme­nte, considerad­os estrelas e, mais ou menos, intocáveis que exerciam a prática sem que tivesse uma acção correctiva, que estamos agora a realizar”. Falando aos jornalista­s, no final da cerimónia de apresentaç­ão pública de um novo projecto da Rádio Ecclesia – Emissora Católica de Angola, financiado pela União Europeia, o governante adiantou ser “natural” que as pessoas visadas se sintam “desconfort­áveis”. “Porque isso acaba redundando numa eventual diminuição de rendimento­s e isto não deixa ninguém feliz, estamos consciente­s que este é um processo que exige o devido tratamento e tem a sua delicadeza”, acrescento­u. E é, portanto, natural que haja insatisfaç­ão e reivindica­ção nesse sentido, portanto, isto é um processo e tem havido bastante diálogo”, concluiu. O Sindicato dos Jornalista­s Angolanos ( SJA) saiu recentemen­te em defesa dos jornalista­s visados, afastados dos órgãos públicos por estes motivos.

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SECRETÁRIO DE ESTADO DA COMUNICAÇíO SOCIAL DE ANGOLA, CELSO MALAVOLONE­KE

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