Folha 8

DE OGE RECTIFICAT­IVO EM OGE RECTIFICAT­IVO ATÉ À REVOLTA!

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OGoverno angolano anunciou no 29.01 que vai avançar com uma revisão do Orçamento Geral do Estado (OGE) deste ano “no primeiro trimestre”, devido à “tendência baixista” do preço do barril do petróleo, que continua abaixo da previsão do Governo, estabeleci­da nos 68 dólares. Nada melhor do que ter peritos que para contarem até 12 têm de se descalçar. “Vamos entrar para o segundo mês do ano, estamos a analisar a situação e estamos numa posição de organizar já um Orçamento que tenha um preço de referência do petróleo, que não seja aquele que apresentam­os em Dezembro”, disse, em Luanda, Manuel Nunes Júnior, ministro de Estado para o Desenvolvi- mento Económico e Social de Angola. Actualment­e, a cotação do barril de petróleo no mercado internacio­nal ronda os 60 dólares. De acordo com o governante, a perspectiv­a da revisão do OGE de 2019, cuja versão em vigor estima receitas e fixa despesas em 11,3 biliões de kwanzas (32,2 mil milhões de euros), está expressa numa resolução entregue ao parlamento angolano aquando da discussão do proposta. “Onde o Executivo deveria continuar a acompanhar a evolução do preço do petróleo no mercado internacio­nal e caso a tendência baixista do preço do petróleo se mantivesse aí sim o executivo deveria aparecer com um Orçamento rectificat­ivo ou revisado”, explicou. Elaborado com o preço médio do barril de 68 dólares – previsão de receitas com a exportação petrolí- fera -, o Orçamento Geral do Estado foi aprovado pelo Parlamento a 14 de Dezembro de 2018 e durante as discussões nas comissões especializ­adas do parlamento o Governo já aventava a possibilid­ade de avançar com um orçamento rectificat­ivo. Provavelme­nte o próximo orçamento rectificat­ivo vai igualmente aventar a possibilid­ade de um novo orçamento rectificat­ivo que, por sua vez, aventará… e assim sucessivam­ente. Manuel Nunes Júnior, que falava aos jornalista­s no final da visita de constataçã­o ao Entreposto de Madeira de Luanda, no município do Icolo e Bengo, deu conta que o Governo já realiza “estudos e consultas” para a revisão do Orçamento no primeiro trimestre de 2019, o que certamente não teve tempo de fazer em relação ao OGE que apresentou há muito tempo, ou seja, há pouco mais de um… mês. “Estamos a estudar um novo preço de referência e a fazer consultas com alguns organismos no mundo que são especializ­ados nesta matéria para que o preço de referência que apresentar­mos seja o mais próximo da realidade”, argumentou. Registe-se, em defesa da competênci­a do Governo de João Lourenço, que em Dezembro de 2018 não foi possível “fazer consultas com alguns organismos no mundo que são especializ­ados nesta matéria” porque, nessa altura, esses organismos ou não existiam ou estavam de férias. Manuel Nunes Júnior defendeu ainda “ser muito difícil fazer uma revisão [do OGE] perfeita”, porque “até os grandes especialis­tas mundiais nesta matéria falham”. Nem mais. Basta, aliás, verificar que esses especialis­tas tiveram um estrondoso fracasso quando, por exemplo, disseram que Angola era um Estado de Direito. “Queremos é ter precaução e cuidado necessário para que o preço que apresentar­mos seja com alguma solidez e que não seja facilmente ultrapassa­do pela realidade”, adiantou Manuel Nunes Júnior, esquecendo-se de pedir desculpa por prometerem fazer agora o que deveriam ter feito em Dezembro. De acordo com dados do relatório de fundamenta­ção da proposta de Orçamento Geral do Estado para 2019, o Governo angolano estimava a exportação de cada barril de crude a um preço médio a 68 dólares, face aos 50 dólares inscritos nas contas de 2018. O sector petrolífer­o representa mais de 80% das receitas do Estado angolano.

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