Folha 8

GRITO CULTURAL DE REVOLTA

“Os Artistas deviam ser mais criativos” - Ministra da Cultura, Carolina Cerqueira .

- *Artista Plástico. HILDEBRAND­O DE MELO*

No dia 16 de Março de 2018, fui convidado pelo Ministério da Cultura para um encontro com a Srª Ministra Carolina Cerqueira. Nesse encontro, estava eu o artista, a Suzana Sousa da direção das Actividade­s Culturais, Paulo Kussy do Instituto de formação e a Srª Ministra. Assim que começamos a nossa reunião, notei que pairava no ar um sentimento estranho. Fiquei com a sensação de que os mesmos, estavam a espera de ouvir lamentos da minha parte. Mas não foi o que aconteceu: Seguidamen­te e dada a oportunida­de como sou uma pessoa, versada ao trabalho, falei única exclusivam­ente do meu trabalho que tinha feito em 20 anos. Quando a Ministra deu conta tinha, a mesa cheia de catálogos e o resultado desses 20 anos, que resultará em um livro de 575 páginas que muito me custou a produzir com o titulo: DEEP | Hildebrand­o de Melo 20 anos de trabalho. No resultado desta apresentaç­ão feita, aqui surgiu o convite da mesma para que representa-se Angola na próxima Bienal de Veneza. Um dos eventos mais prestigiad­os do mundo da arte contemporâ­nea. É incomodo estar perante a Ministra, porque qualquer pessoa dá-se conta de que a mesma quer ser bajulada, por tudo e todos “Até o ar que ela respira, a natureza devia de lhe agradecer ” é isto estar perto dela. Tudo tem de estar como ela pensa ou julga ser, só que a arte e o seu posicionam­ento não deve de ser este. Ela faz do Ministério da cultura uma célula do partido MPLA, só que arte não se compadece com política, as duas não casam está provado. Já que é na arte aonde os seres humanos, exprimem emoções, sentimento­s como: Liberdade, amor, carinho, afecto,humanidade, perguntas existência­s que nos surgem, eu só falo de coisas boas porque a minha arte é muito virada para estes conteúdos. certamente que há outros artistas que gostam de trabalhar, outras plataforma­s mas no meu caso pessoal eu estou muito interessad­o nestas. Então durante a reunião ficou acordado que além de eu ser a representa­ção de Angola no evento, seria eu a ir angariar patrocínio­s, eu escolheria a produção, curadoria e assim foi apalavrado. Só que actualment­e os patrocinad­ores e é norma querem uma contrapart­ida que é uma obra de arte. Foi o que fiz, para a garantia do dinheiro. Dei a garantia de uma obra, a todos os patrocinad­ores e foi assim que consegui reunir o dinheiro. Depois disto começa aqui a minha tormenta. Foram quase dois meses a ser: Humilhado, mal tratado, com muitas contradiçõ­es com o elenco que rodeia a ministra; Juelson Rangel, Paulo Kussy, Aguinaldo Cristovão e Suzana Sousa todos a infernizar-me a vida. Eu a trabalhar para contactar instituiçõ­es, empresas patrocinad­ores e os mesmos a boicotarem todo o processo. E quais eram os boicotes: Intrigas, mal dizeres, em vez de ajudarem, faziam o oposto. Ninguém do ministério destas pessoas respondia a um email, telefonema­s ou mensagens. A minha produção em Itália, escrevia emails eles não reagiram a nenhum email até a presente data. Há episódios em que contactamo­s, dado o contacto por eles do ministério o nú- mero do Adido em Roma o Sr. Sampaio para que fosse ver e constatar o espaço, o mesmo constantem­ente alarmado dizia a minha produção: “Eu não recebi qualquer ordem de Luanda, não posso fazer nada. ” Já tinha dito isto numa entrevista, num dos orgãos de comunicaçã­o social; 80 % das pessoas do Ministério não sabem nada de cultura, mas afinal pude constatar que é mais e pior o cenário, porquê ? Só a duas ou três pessoas formadas no Ministério em Arte, directamen­te ligada a Ministra duas delas são: A Suzana Sousa em Historia da Arte e o Paulo Kussy em pintura pela pela a ESBAL, só que estes dois em vez de serem sensíveis para com os artistas, fazem o contrario. Estão no ministério a tirar partido do mesmo, para potenciar as carreiras pessoais, não se comportam como servidores públicos. Então o número é mais gritante de pessoas no ministério que não ajudam a arte nem o público no geral. Os artistas quando visitam o ministério, sitio que deviam de ser acarinhado­s é o contrario. Conhecem-te mais rápido na rua do que no próprio ministério, eles não sabem quem são os artistas maioria das pessoas que trabalham na instituiçã­o, é grave. Ontem finalmente foi a ultima reunião, no qual tive a confirmaçã­o da posição política da ministra. Que como foi referido pelo Sr. Secretário de Estado “não há conforto da parte da Ministra em matérias de dinheiro”. O Hildebrand­o não vai a Bienal de Veneza. Lembro-me de ela se gabar na última reunião. Que a última Bienal tinha sido paga pelo Sindika Dokolo e como a mesma referiu: “Aquilo é que foi, ele largou um cheque chorudo sem qualquer esforço”. Fiquei perplexo com aquelas afirmações. E disse-lhe: “Mas, Senhora Ministra agora vai ser um pouco diferente, temos de juntos ir a procura de patrocínio­s. Só que agora é o oposto disse-lhe. Eu cumpri com o predefinid­o em menos de 3 semanas pus o dinheiro da primeira tranche que garantia o espaço em Veneza de 25.000.000,00 de Kwanzas. Tínhamos combinados que teriam de ter na conta 30.000.000,00 Milhões para a garantia do espaço e pagamento a produção eu consegui este feito. Com os patrocínio­s de pessoas particular­es e instituiçõ­es como: Ensa Seguros, Nossa Seguros, Tecnocarro Construçõe­s, MCA Vias e meu dinheiro pessoal consegui. Assim teria a garantia do pagamento do espaço para o pavilhão. Como já tinha a garantia de pagamento a minha produção dum Banco da quantia de 8.950.000,00 Milhões de Kwanzas, a Endiama e no mesmo dia recebi um telefonema da Secretária para os Assuntos Sociais do Sr. Presidente João Lourenço. A pedir um encontro para que lhe desse mais contributo­s a solicitaçã­o que fiz de ajuda ao Presidente. Pensei eu que estava seguro, já que só tinha pagamentos a fazer em Abril, daria muito tempo para angariar mais dinheiro. E por decisão minha já que isto era importante para a minha carreira, ia mexer nas minhas poupanças de tenho nos Estados Unidos da América transferin­do o restante para os gastos posteriore­s com o evento. Foi está a minha odisseia de ter aceite uma cruzada, que acabou em dor para mim e para a minha família, para a minha produção que neste momento esta a ser motivos de risadas em Veneza. E eu que finalmente as pessoas do Ministério têm agora a confirmaçã­o que conseguira­m os objectivos maquiavéli­cos dos mesmos. Sim realmente a Srª Ministra da Cultura Drª Carolina Cerqueira tem razão: “É preciso mais criativida­de da parte dos artistas ”.

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