Folha 8

LÍNGUA PORTUGUESA? O QUE É ISSO?

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O presidente do instituto Camões definiu em Novembro de 2018 como uma meta “ambiciosa” mas “perfeitame­nte exequível” alcançar os 40 países onde o português integre os currículos escolares, como pretende o Governo, e apontou os estados ibero-americanos como uma aposta. “Neste momento estamos em mais de 20 países com o português integrado nos currículos de escolas públicas ao nível do secundário, por isso chegaremos sem grande esforço, daqui por quatro ou cinco anos, aos 30. Assim, passamos dos 15 que tínhamos em 2017 para 30”, afirmou na altura, em entrevista à Lusa, o embaixador Luís Faro Ramos, que cumpriu na altura um ano de mandato como presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua. O ministro dos Negócios Estrangeir­os de Portugal, Augusto Santos Silva, afirmou, em Setembro do ano passado, que o Governo queria “a breve prazo” duplicar o número de países com o português como língua internacio­nal de opção no ensino básico e secundário, passando para 40. “Neste momento, o número de países em que que há português como língua estrangeir­a no ensino básico ou secundário é de 20 e o nosso objectivo é duplicar esse número a breve prazo”, disse Augusto Santos Silva, na apresentaç­ão pública da Rede de Ensino de Português no Estrangeir­o (EPE), que decorreu na sede do Camões, em Lisboa. Para Luís Faro Ramos, a meta estabeleci­da pelo executivo é “ambiciosa” mas “perfeitame­nte exequível” e ressalvou que “é evidente que isso implica um trabalho muito permanente por parte das estruturas que o Camões tem nos países”. No entanto, não implica esforço financeiro adicional da parte de Portugal, assegurou. “Quando estamos a falar em duplicar o número de países onde o português é ensinado a nível curricular, no ensino público, muitas vezes estamos a falar de um gasto de dinheiro zero, e isso é fantástico”, afirmou, acrescenta­ndo que “a iniciativa exige um envolvimen­to muito directo das autoridade­s locais, e quando isso acontece estas estão interessad­as em financiar o ensino da língua”. Uma vez assumida pelo Estado receptor a importânci­a da integração do português nos currículos das suas escolas públicas esse passa a ser um projecto do país em questão, explicou Faro Ramos. O presidente do Camões tem, porém, a esperança que a meta estabeleci­da pelo executivo por- tuguês seja vista “como importante pelos países, designadam­ente pelos do espaço ibero-americano”. “Neste momento só temos cinco países do continente sul-americano onde o português faz parte dos currículos escolares e queremos ter mais. Aí há um esforço a fazer, mas isso, repito, não implica esforço financeiro adicional. Há é um esforço muito grande a fazer de persuasão das nossas embaixadas, das nossas redes de ensino, das nossas coordenaçõ­es”, junto das entidades dos países, considerou. Quando se fala de ensino da língua à diáspora portuguesa é que há responsabi­lidades muito directas do Camões, que implicam, designadam­ente, pagar salários aos professore­s, explicou. “Costumamos dizer que o poder suave mais relevante que Portugal tem lá fora é o poder da língua. Portanto a meta de duplicar [o número de países com português como língua estrangeir­a no currículo do básico e secundário] é um caminho que será alcançado, porque todos os indicadore­s que temos nos fazem ser optimistas”, afirma. Quanto ao objectivo de chegar a mais países da América do Sul, refere, é porque está consensual­izado ao nível dos Estados da “ibero-américa e de Portugal e Espanha, no caso do continente europeu, que todos os países da Conferênci­a Ibero-americana devem ter a outra língua também”. Assim, Portugal e Brasil devem ter o espanhol e os que falam o espanhol, que são todos os outros, cerca de 20, devem ter o português [no ensino público]. “O caminho teórico está delineado, e agora o que temos é que ir lembrando a esses países a importânci­a de assumirem também a língua portuguesa no seu currículo de ensino público”, referiu o diplomata. Faro Ramos mencionou que das viagens que tem feito por vários daqueles países tem detectado o interesse dos mesmos no ensino da língua portuguesa, “umas vezes por causa de Portugal, outras vezes por causa do Brasil”, ressalvand­o: “Mas isto não é mal nenhum”. Aliás, “no âmbito da promoção externa da língua portuguesa, Portugal deverá continuar sempre a contar com a colaboraçã­o do Brasil”, defendeu. O exemplo de uma parceria importante entre o Brasil e Portugal ao nível da promoção da língua é aquela que foi criada e está a arrancar para o ensino do português na escola das Nações Unidas em Nova Iorque, referiu. E pode haver outras: “Estamos a ver com o Brasil a possibilid­ade de entrarmos juntos noutros países”, admitiu. “Não vejo o Brasil como um concorrent­e, vejo-o como um parceiro, sobretudo porque a nossa rede é extensa mas não chega ao mundo inteiro e há sinergias a explorar entre nós e o Brasil em países onde há interesse pela língua portuguesa”, comentou.

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INSTITUTO CAMÕES

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