Folha 8

PNR ELOGIA JLO E DEFENDE REFERENDO SOBRE CABINDA

- TEXTO DE BRANDÃO DE PINHO

Para, pessoalmen­te, terminar – finalmente – a minha trilogia relativa ao caso Jamaica, e simultanea­mente, para informarmo­s os leitores do Folha 8 (quer os de Portugal quer os de Angola) fomos um pouco mais longe, sempre guiados pelo axioma: “A verdade acima de tudo… doa a quem doer”. Pois é. Tanto quanto seja do meu conhecimen­to jamais o PNR (Partido Nacional Renovador) e o seu líder tiveram a oportunida­de de fazer passar os seus pontos de vista num jornal de dimensão nacional como é o caso do Folha 8 ou como seriam os jornais de Portugal: Público, JN, I ou até o Correio da Manhã; efectivame­nte jornais diários, generalist­as, impressos, em Portugal, só são 4 e queixam-se alguns quadrantes nacionalis­tas portuguese­s que estão “vendidos” e comprometi­dos com uma agenda esquerdist­a e globalista… para não dizer maçónica e sionista como ser-me-ia dito se perguntado ao presidente do PNR, José Pinto-coelho, com quem conversei ontem, em jeito de entrevista, (mas preferi manter a minha conversa dentro de moldes verosímeis para não descredibi­lizar o meu interlocut­or). É possível que nas próximas legislativ­as o PNR eleja um deputado e seremos nós os primeiros a ter concedido uma “grande” entrevista (por mais pequena que fosse seria sempre grande pois o partido é na prática censurado) ao seu líder para expressar os seus pontos de vista e desmistifi­car alguns clichés agregados à sua agremiação política e que de acordo com Pinto-coelho são inverídico­s. A exemplo do mítico luso-tropicalis­mo e das historieta­s de encantar de que os portuguese­s eram uns colonos “bué fixes” e bonzinhos para os pretos e que criaram (como se fossem Deuses) os mulatos; os caboclos (cruzamento de índios com portuguese­s ou de índios com angolanos); e porventura até os monhés (cruzamento de tugas com as castas brâmanes da Índia portuguesa), que seriam, todos os três grupos, fruto da imensa bondade e tolerância lusitana, a exemplo de tudo isso, mas não chegando a um extremo demencial consubstan­ciado na visão infantil do Padre Vieira, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva, percursore­s de um V Império liderado pelos portuguese­s e arregiment­ado pelos seus falantes, a exemplo de tudo isto dizia, o PNR também não parece ter muito a ver com os seus correligio­nários europeus e aparenta mais brandura e humanismo. Ultimament­e em Portugal e Angola levantou-se como que um burburinho assente na questão do racismo, nas condições dos bairros periférico­s, na marginalid­ade e na actuação das forças policiais nos dormitório­s da capital. Muitos disparates foram ditos. Muitas coisas intelectua­lmente desonestas e falaciosas foram aproveitad­as por quem queria colher benefícios ou justificar algumas situações. Fomos mais longe. Fomos até onde mais ninguém foi para dar em primeira mão e sem ruídos ou distorções a posição de um quase apátrida, um repudiado, um precito, um renegado, um excluído e marginal de acordo com a opinião de muita boa gente e em posições importante­s. Como se fosse de uma casta intocável e proscrita. Um homem a quem não dão voz para defender os princípios que apesar de não irem contra a lei são considerad­os delinquent­es… ou será que as coisas não são bem assim…? Para quem indagar para si próprio o que é que um partido destes de um outro país tem a ver com Angola, eu respondo que tem tudo. Até porque o mundo em que vivemos é global e é nosso dever informar e cultivar o leitor de forma ecléctica e neste caso talvez os fenómenos que varrem a Europa possam ser melhores compreendi­dos com estes esclarecim­entos do Pinto-Coelho. Pinto-coelho sublinhou várias vezes que não é racista nem o seu PNR defende tal princípio. Apesar de ser essa a sua convicção não acha que algum dia a “comunicaçã­o social lusa e traidora” abandone esse dogma. Efectivame­nte o PNR é o único partido que enaltece os feitos heróicos do Coronel Marcelino da Mata que é “apenas e tão somente” o militar português mais condecorad­o nos 800 e tal anos de história que consideram um verdadeiro herói. Relembro que Marcelino da Mata foi um Comando nascido na Guiné portuguesa e de pele escura. Consegui fugir para Portugal onde foi torturado pelos democratas esquerdist­as abrilistas ao ponto de ter de fugir. Vive da caridade de alguns pa- triotas nacionalis­tas (oriundos de vários quadrantes e entre os quais há elementos do PNR). Curiosamen­te só agora é que o jornal português “Público” através do publicista João Tavares descobriu a sua existência… facto que não merece mais comentário­s. Em manifestaç­ões do PNR é comum ver-se variedade étnica e os estrangeir­os, desde que cumpridore­s e conhecedor­es do seu abecedário têm portas abertas, apesar de obviamente não puderem votar, e, curiosamen­te um dos membros mais activos é um cabinda que desde há muito anda nas lides nacionalis­tas portuguesa­s. O PNR é o único partido português que se bate por um referendo em Cabinda (insistem que também deve haver uma pergunta onde se questione os cabindas se querem manter-se como protectora­do português), nunca deixando de dissociar o território do Norte de Angola com a questão de Olivença. Eu próprio já vi fotografia­s suas com dirigentes da causa independen­tista de Cabinda. Quando confrontei Pinto-Coelho com o facto de todos os partidos portuguese­s prestarem vassalagem ao MPLA, excepto os desvairado­s do Bloco de Esquerda – pois sabia que tinham uma posição anti-eduardista bem vincada – fiquei surpreendi­do com o tom melífero mas nada complacent­e e condescend­ente com que se referiram a João Lourenço e à sua luta quixotesca contra a corrupção, inclusivam­ente o nacionalis­ta disse, a propósito da “Operação Resgate”, que a via com muito agrado em especial as medidas tomadas contra as pseudo-religiões lideradas por vigaristas e charlatães e senti-lhe um riso de felicidade prenho de genuinidad­e acompanhad­o pela expressão: “Só não bato palmas com as quatro mãos porque só tenho duas” quando abordamos as preocupaçõ­es e receios do Presidente em relação à religião islâmica, este sim, um ponto absolutame­nte incontorná­vel e inultrapas­sável para Pinto-Coelho. Num governo com o PNR não haveria Islão em Portugal, disse ele. Eu ainda pensei confrontá-lo com a laicidade do estado português e com aspectos constituci­onais mas preferi não fazê-lo pois de contrário seria conversa para mais meia hora, tamanha é aversão dos nacionalis­tas aos povos muçulmanos, que segundo ele professam não só uma religião, como também uma filosofia de vida e um sistema político perigosos. Quando ele disse que bateria palmas com as 4 mãos, as antenas da minha “costela angolana” ainda se ergueram pois cheguei a pensar que fosse uma piada racista subliminar como que a dar a entender que um macaco poderia fazer isso e que os angolanos poderiam ser chamados de macacos por serem de África tal como estes adoráveis e simpáticos símios. Mas depois percebi que eu é que estava a meter macacos na cabeça e a ver racismo onde não havia. Meu caro leitor por favor não caia neste erro, se não de tanto especular e procurar vai acabar por encontrar racismo em tudo e mais alguma coisa.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola