Folha 8

O ANTERIOR GOVERNO TAMBÉM ERA DO MPLA

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Recorde-se que o Governo aprovou legislação (e isso é coisa que faz sem grandes problemas) para enquadrar médicos no Serviço Nacional de Saúde, num processo “célere” e “menos burocrátic­o” face à “necessidad­e de aumentar a cobertura médica urgente no país” e a assistênci­a sanitária às comunidade­s. Esta informação consta de um decreto presidenci­al que entrou em vigor no final de Abril de… 2016, e que lembra o investimen­to na formação e capacitaçã­o de médicos que já estão “disponívei­s para trabalhar”, numa altura em que só a capital angolana estava a braços com epidemias de febre-amarela e malária, com mais de 400.000 pessoas afectadas. O mesmo decreto definia que o ingresso na categoria de interno “faz-se mediante concurso documental” para licenciado­s em medicina, à parte das normas sobre a entrada no funcionali­smo público. O Governo anunciara em Abril desse ano (2016) que iria recrutar 2.000 médicos e paramédico­s, angolanos, recentemen­te formados no país e no estrangeir­o, para reforçar o combate às epidemias, que deixaram os hospitais de Luanda sobrelotad­os. “A renovação do contrato individual de trabalho fica condiciona­da ao bom desempenho profission­al e comportame­ntal”, lê-se no mesmo decreto, assinado pelo então Presidente José Eduardo dos Santos. No início de Abril de 2016 foi noticiado que o Estado iria avançar com a admissão excepciona­l de novos funcionári­os públicos para a saúde, educação e ensino su- perior em 2016, segundo uma autorizaçã­o presidenci­al. A informação consta de um decreto assinado pelo Presidente José Eduardo dos Santos, no qual era “aprovada a abertura de crédito adicional” ao Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2016, no montante de 31.445.389.464 kwanzas (166 milhões de euros), “para pagamento de despesas relacionad­as com novas admissões”. O Governo previa gastar o equivalent­e a mais de 10% da riqueza produzida no país com o pagamento de vencimento­s da Função Pública em 2016, mas as admissões, pelo segundo ano consecutiv­o, voltavam a ficar congeladas. Para 2016 estava prevista uma verba de 1,497 biliões de kwanzas (cerca de 7,9 mil milhões de euros) com o pagamento de vencimento­s e contribuiç­ões sociais da Função Pública. O médico angolano Maurílio Luyela considerav­a em 2016 que o colapso do Serviço Nacional de Saúde em Angola era o resultado da má gestão dos recursos financeiro­s e humanos por parte do Ministério da Saúde. O especialis­ta em saúde pública disse à VOA que o sector debatia-se com a falta de pessoal qualificad­o porque, por alegada falta de verbas, não abriu qualquer concurso público para a admissão de especialis­tas angolanos que se formam nas faculdades do país. Maurílio Luyele acusava os gestores do Ministério da Saúde de acharem mais importante comprar carros de luxo para directores em detrimento de equipament­os hospitalar­es. “É mais fácil comprar carros de luxo para directores ao invés de materiais hospitalar­es e não há técnicos suficiente­s para atender a demanda, mas temos médicos angolanos que saem das faculdades que não são admitidos na função pública porque não há como pagá-los”, acusou.

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EMPRESÁRIA ISABEL DOS SANTOS

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